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Homeless Signs

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Criado pelos artistas Kenji Nakayama e Christopher Hope, o projeto Homeless Signs fornece cartazes tipográficos desenhados a mão para moradores de rua, na cidade de Boston, nos Estados Unidos.

São trocados aqueles cartazes de papelão com letrinhas garranchudas difíceis de entender, por cartazes bonitos com letreiros bem desenhados e coloridos. As fotos do antes e depois são postadas no Tumblr do projeto, juntamente com uma entrevista de cada morador de rua falando sobre suas vidas, o motivo que os levaram a irem para as ruas, etc.

É uma campanha criativa, com inclinação humanitária, que mostra o poder do design para mudar a percepção das pessoas. Ao tornar as pessoas mais conscientes do problema da pobreza, a equipe criativa espera que mais pessoas sigam o exemplo e ajudem os desabrigados de qualquer maneira que puderem.

Vai lá: http://homelesssigns.tumblr.com

* Felipe Pereira é designer gráfico e escreve sobre artes para o blog BLCKDMNDS


Apartamento 302 em livro

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O tumblr Apartamento 302 vai virar livro. Quer dizer, depende de você que o projeto de Jorge Bispo vá para o papel. O fotógrafo iniciou uma campanha no Catarse para arrecadar R# 35 mil para a realização do projeto. Um sonho, em sua própria definição.  

“Inicialmente a idéia era fazer um trabalho pra internet. Um work in progress. As pessoas irem acompanhando o trabalho sendo feito e participando seja posando ou comentando e compartilhando. Depois de um tempo, vendo o conjunto das fotos e o que ele estava virando que veio a idéia de levar pra uma plataforma física”, explica o fotógrafo que durante um ano publicou no Tumblr fotos de garotas sem experiência como modelo em sessões feita no seu próprio apartamento.

Interessados podem contribuir comprando diferentes cotas. A mais barata é R$15, já a mais cara é R$ 20 mil. Cada uma acompanha recompensas. Quem pagar R$ 2,5 mil, por exemplo, leva um livro assinado por Jorge Bispo e ganha uma sessão de retratos de 1 hora na cidade do RJ por Jorge Bispo com a entrega de 10 retratos.

O livro terá 256 páginas. Para ajudar, Bispo convocou amigos entusiastas do projeto. A direção de arte fica com Lila Botter, “responsável por grande parte da pilha de colocar no Catarse”, e o texto de apresentação será assinado por João Paulo Cuenca.

Apesar do sucesso do Apartamento 302, Bispo ainda não pensa em levar outra ideia no Tumblr, mas não descata possibilidades para o futuro. “Tenho muita vontade de fazer um trabalho com a cena do funk carioca”.

Vai lá: http://catarse.me/pt/apartamento302

 

Ciranda da solidão

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Divulgação

 

Histórias de relacionamento há muitas por aí, inclusive em Quadrinhos. As que são ambientadas no universo gay existem em quantidade bem menor. Amor é amor, nada mais normal, antigo, bonito e natural – como qualquer outro. O que muda nesse contexto específico são outros fatores – dos quais muita gente se distancia por medo. Assim essas pessoas continuam desconhecendo, recriminando, condenando e até combatendo.

Divulgação

Capa da HQ

Capa da HQ

Pra se expressar e refletir sobre essas questões, ou simplesmente contar histórias foi que Mário César (EntrequadrosPequenos HeróisFront) resolveu produzir Ciranda da Solidão. Trata-se de um álbum de quadrinhos com várias histórias sobre amor e abrir uma campanha de financiamento coletivo no Catarse para a produção e impressão. Ele explica mais sobre o que vai ter no livro:

"Cada história é protagonizada por personagens de diferentes faixas etárias abordando desde a descoberta da sexualidade e as inseguranças na adolescência, até o amadurecimento e dificuldades da vida adulta e da velhice. Uma das histórias do livro é autobiográfica e narra como eu conheci meu namorado. Outra história mostra um adolescente inseguro com sua orientação sexual e lidando com as transformações que seu corpo está sofrendo. A história que dá título ao livro, Ciranda da Solidão, é sobre a eterna busca por uma cara metade. A quarta história fala sobre as complicações do fim de um relacionamento de longa data. Já a última história conta a história de um velho ranzinza que sofre do mal de Alzheimer e que luta para não perder as memórias do grande amor de sua vida."

O financiamento coletivo funciona como uma pré-venda: existem vários valores; cada um dá direito a um pacote diferente de produtos [o livro e mais outros brindes]; é só escolher um e colaborar. Mas para isso acontecer o valor mínimo precisa ser atingido daqui a alguns dias. Uma prévia do livro pode ser vista aqui.

Vai lá: http://catarse.me/pt/ciranda.

(*) Hector Lima é redator e roteirista e escreve para o blog www.hectorlima.com


Vem aí a Casa Tpm 2013

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Casa Tpm 2013

Casa Tpm 2013

Casa Tpm 2013

Estão abertas as inscrições para a segunda edição da Casa Tpm. Discutindo, refletindo e celebrando o universo feminino, o evento conta com debates, palestras, shows e muitas outras atrações.

Entre os nomes já confirmados para a Casa Tpm 2013 estão Karina BuhrVania ToledoLola AronovichElisa GargiuloPatrícia KoslinskiMary Del PrioreLais BodanzkyRegina Navarro Lins, Andrea Alvarez, Martha RochaMaya GabeiraMara GabrilliTulipa RuizNádia Lapa e Mariana Perroni.

Tudo o que aconteceu na edição 2012 da Casa pode ser visto aqui. O cadastro deve ser feito no link http://revistatpm.uol.com.br/casatpm/cadastro/cadastro.php

Vai lá: Casa Tpm 2013
Onde? National Club
Endereço: R. Angatuba, 703 - Pacaembu, São Paulo, 01247-000
Telefone: (11) 3871-0008
http://www.nacionalclub.com.br/localizacao.html
Inscrições: grátis, a partir do dia 1 de agosto
Evento no Facebook

Mil quadros em 24 horas

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1000 quadros - Rafael Coutinho e Rafael Sica

Mil quadros em 24 horas e uma história em quadrinhos fragmentada. O quadrinista gaúcho Rafael Sica e o pintor, animador e também quadrinista Rafael Coutinho - filho de Laerte - vão se encontrar em um esforço narrativo.

A proposta é fazer com que mil quadros sejam criados durante um único dia pelos dois. Depois, para quem é fissurado em quadrinhos, cada quadro vai ser vendido por 10 reais na internet e a ordem das vendas que irá definir a ordem da história.

Vai lá: http://narvalcomix.com.br/?page_id=1931

Ondas e arte

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Os bonecos do artista Paulo Govêa são facilmente reconhecíveis pela cidade de São Paulo. Coloridos, quase sempre com a mesma expressão e de longos rostos triangulares, eles vêm sendo a marca registrada do artista pelos últimos anos. No começo de junho, Paulo embarcou para a Indonésia, onde começou a pintar muros das aldeias de Niang Niang, em Mentawai, e as ilhas de Nias, no norte de Sumatra.

Como sprays não são permitidos no avião, levou na bagagem apenas umas opções de tinta acrílica, suficientes para pintar umas dezenas de casas. “Um amigo estava com passagens compradas para a Indonésia e me convidou para ir junto. Achei a ideia perfeita, já que tenho um projeto de vídeo envolvendo diferentes lugares no mundo. Como peguei onda por muitos anos, sempre tive vontade de conhecer o lugar, a cultura”, disse à Trip direto de Uluwatu, um dos clássicos picos de Bali. 

O artista passou alguns perrengues para conseguir se comunicar com os locais, mas diz ter ficado surpreso com a recepção, principalmente das crianças. Na companhia do surfista profissional Igor Moraes, fez os primeiros contatos para pintar um losmen (espécie de bangalô) de uma família em Nias. Recebeu cana, cerveja e comida em troca da pintura dos muros. Em Mentawai, estava a caminho de uma praia para surfar quando passou por uma vila. “As casas eram perfeitas para o trabalho, mas a comunicação foi foda. Sentei com um nativo e pedi para ele me ensinar algumas palavras, anotei em um papel e voltei no dia seguinte. Perguntei para uma mulher: ‘Saya cat dinding?’, que quer dizer ‘posso pintar sua parede?’. Ela me olhou com uma cara de quem não entendeu, abri minha mala com as tintas e ela fez sinal que podia. Comecei a pintar devagar, logo depois chegou o marido dela do meio do coqueiral com um facão gigante. Foi tenso! Pensei: ‘será que eu corro ou continuo?’. Logo percebi que ele também tinha aprovado e fiquei mais tranqüilo. A família era gente boa!”. 

Vai lá: www.flickr.com/paulogovea

 

Porta dos Fundos - O livro

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Porta dos Fundos - O livro chega às livrarias esta semana e reúne alguns dos melhores roteiros do coletivo de humor carioca, escritos por Antonio Tabet, Fábio Porchat, Gabriel Esteves, Gregorio Duvivier, Ian SBF e João Vicente de Castro. O lançamento, com presença dos seis roteiristas, acontece nos dias 07 e 08, em livrarias de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Bastante colorido e ilustrado, o livro reúne 37 roteiros, cada um com histórias de bastidores, curiosidades sobre sua origem e uma QR code que leva o leitor ao link do canal. “A gente pensou nos roteiros que mais gostamos, além dos que fizeram mais sucesso até o período em que o livro foi planejado. Pensamos também naqueles que seriam mais atraentes pra leitura”, diz Antonio Tabet. O grupo optou por incluir nos roteiros originais os improvisos dos atores que aconteceram durante as gravações. “Tem gente que já decorou tudo, até os improvisos, de tanto ver os vídeos”, diz Tabet.

Na ativa e a todo vapor, o Porta dos Fundos tem mais de 4,5 milhões de assinantes e seus vídeos já passaram das 375 milhões vizualizações. Manter a rotina semanal de lançamentos depende de reuniões constantes entre os roteiristas. Normalmente, cada um escreve dois textos por semana, que passam pelo aval de todo grupo. “São várias as possibilidades. Um roteiro pode não agradar ninguém e ir pro lixo, pode ser modificado, pode passar pra outro autor ou até mesmo ser aprovado logo de cara. Mas se duas pessoas não gostarem, é descartado”, explica.

Em Porta dos Fundos – O livro dá pra saber a história da elaboração destes roteiros, contada por seu respectivo autor. “Sobre a mesa”, por exemplo, surgiu depois de Tabet ter presenciado uma grosseria entre um casal na mesa ao lado em um restaurante. “Me fez pensar no que a pobre alma gostaria de dizer para aquele crápula. Que verdades muitas e muitas mulheres gostariam de dizer a seus parceiros?”, diz no livro. Na esquete “Brainstorm”, Fabio Porchat conta que teve algumas ideias ao lado do ator Marcelo Adnet, com quem contracenou no teatro. Em “Término de namoro”, Gregório Duvivier revela que verbos trocados pelo ator Rafael Infante acabaram deixando o quadro mais engraçado. “Não tem aquela frase 'desliga a tevê e lê um livro'? Acho que pela primeira vez vão falar 'lê o livro e vai ali acessar a internet um pouco'”, diz Tabet.

Vai lá: Porta dos Fundos – O livro
Editora Sextante, 240 págs, R$ 49,90
Lançamento: São Paulo, dia 07, Livraria Cultura do Conjunto Nacional, às 18h
Rio de Janeiro, dia 08, Livraria Travessa do Shopping Leblon, às 19h

O lado B de Cazuza

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Cazuza tem uma lista de canções que todo mundo conhece. Ao mesmo tempo tem uma grande lista de obras desconhecidas. Tão desconhecidas quanto seu nome verdadeiro - Agenor de Miranda Araújo Neto.

E são justamente esses lados B e faixas raras que são destaque da coletânea "Agenor - Canções de Cazuza", que será lançada hoje no site projetoagenor.com.br para download.

Com curadoria da jornalista Lorena Calábria o projeto reuniu 17 nomes da música brasileira de hoje, em especial cariocas, “com uma certa licença geográfica". “Estava tudo muito claro na cabeça inquieta do Zé Pedro quando ele me chamou para esse projeto: um álbum com músicas de Cazuza, a maioria desconhecidas, recriadas por uma nova geração”.

O projeto dá sequência a uma série de discos tributos comandados pelo DJ Zé Pedro em sua gravadora Jóia Moderna, que já homenageou Marina Lima, Péricles Cavalcanti e Angela Ro Ro.

Na lista de participações estão Do Amor, Tono, China, Domenico, Felipe Cordeiro, Wado, Botika, Kassin, Letuce, Silva, Bruno Cosentino, Mombojó, Mariano Maronatto, Qinho, Catarina dee Jah, Brunno Monteiro e Momo.

A seleção busca várias épocas. O Mombojó ressuscita “Vem Comigo” do segundo disco do Barão Vermelho, enquanto China aparece com a faixa “Culpa de Estimação”, gravada em Só se for a dois (1987). Faixas raras também estão presentes, como "Doralinda", parceria de Cazuza com João Donato que só foi lançada no Box Cazuza, e "Sorte e Azar", recuperada recentemente para o relançamento do primeiro disco do Barão Vermelho. “Eu nem suspeitava que Cazuza tivesse feito uma rumba como 'Tapas na Cara', entregue a Angela Maria. Ou que a cantora Joanna fosse sua parceira em 'Nunca Sofri por Amor', diz Lorena.

Vai lá www.projetoagenor.com.br 

Ouça agora a versão de China para "Culpa de Estimação" e a de Silva para "Mais Feliz"


Casa Tpm 2013

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Casa Tpm 2013

Casa Tpm 2013

Casa Tpm 2013

Estão abertas as inscrições para a segunda edição da Casa Tpm. Discutindo, refletindo e celebrando o universo feminino, o evento conta com debates, palestras, shows e muitas outras atrações.

Entre os nomes já confirmados para a Casa Tpm 2013 estão Karina BuhrVania ToledoLola AronovichElisa GargiuloPatrícia KoslinskiMary Del PrioreLais BodanzkyRegina Navarro Lins, Andrea Alvarez, Martha RochaMaya GabeiraMara GabrilliTulipa RuizNádia Lapa e Mariana Perroni.

Tudo o que acontece na edição 2013 da Casa pode ser visto na fanpage www.facebook.com/revistatpm.

Não conseguiu se inscrever? Não desanime! Se a casa não ficar lotada, a gente avisa por aqui se tiver mais lugar. Você também pode acompanhar tudo através das nossas redes sociais. Já está inscrito? Procure chegar cedo para não perder nenhuma atração. ;-)

(Casa sujeita a lotação)

Vai lá: Casa Tpm 2013
Onde? National Club
Endereço: R. Angatuba, 703 - Pacaembu, São Paulo, 01247-000
Telefone: (11) 3871-0008
http://www.nacionalclub.com.br/localizacao.html
Inscrições: grátis, a partir do dia 1 de agosto
Evento no Facebook

Para Morrissey

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Sebastian Kim

Divulgação

 

The Smiths é considerada uma das bandas mais influentes do do rock, embora tenha durado apenas de 1982 a 1987. Entre os fãs que surgiram mesmo depois do término da banda, o personagem Raymond Marks se destaca. Protagonista do livro Caro Morrissey, do músico e dramaturgo inglês Willy Russell, é um jovem de 19 anos, meio esquisitão, que não tem problemas em assumir que o herói da sua vida é o próprio vocalista dos Smiths. Junto de seu violão e caderno de anotações, colecionou cartas para o ídolo que nunca foram enviadas. Em busca de um emprego, Raymond passa a narrar toda a sua vida para o músico, confidenciando tudo que se passa em sua cabeça - passado e presente.

São as mais diversas situações, cômicas e trágicas, com desabafos e desejos narrados em primeira pessoa. O que permite que o leitor se identifique com as situações e lembre de momentos em que criaram expectativas com situações relacionadas a seus ídolos. 

A obra, lançada originalmente em 2001 com o título The Wrong Boy, também relembra o trabalho musical dos Smiths, das letras carregadas de situações rotineiras e de fácil identificação e a parceria com o guitarrista Johnny Marr. Há especulações de que sirva de roteiro para seriado de uma TV inglesa.

Quem nunca teve o seu momento fã que atire a primeira pedra.

Vai lá: Caro Morrissey... 
Editora: Ed. Nossa Cultura
Preço: R$ 55,00
Páginas: 364 páginas
www.nossacultura.com.br

Overdose

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Johnny Guitar, guitarra e vocal, Danny Starr, baixo, e Rony Thunder, bateria

A banda: Johnny Guitar, guitarra e vocal, Danny Starr, baixo, e Rony Thunder, bateria

A MTV como você conheceu nos últimos 23 anos vai acabar no fim do próximo mês. Mas ainda há tempo para sangue novo na emissora. É a série Overdose, que estreia hoje às 23h, com a exibição de seus dois primeiros episódios.

Overdose vai mostrar a história da banda formada Johnny Guitar (Juliano Enrico), Danny Star (Daniel Furlan) e Rony Thunder (Raul Chequer) com os integrantes relembrando os anos de dureza na garagem agora que alcaçaram o sucesso e glória.

Dos shows vazios até o excesso nas drogas e a inevitável briga de egos, Overdose mistura crítica com humor. Exatamente a linha que seu diretor e roteirista, Arnaldo Branco, estreante na função, imprime em sua série de tirinhas chamada Mundinho AnimalAlguma relação? 

“É porque temos muitas bandas ruins, talvez minha intenção com a série fosse inventar uma que eu gostasse. Brincadeira, nem acho o panorama tão devastador - a internet ajuda muito na garimpagem hoje em dia - só acho que nossa classe artística (e não só na área musical) tem cacoetes muito parecidos com os da política - lobby, nepotismo, fisiologismo etc.”, diz Arnaldo para explicar a origem da série.

O formato escolhido para Overdose é o mockumentary, o falso documentário. Consagrado por séries atuais como The Office, o modelo tem forte relação com o rock desde A Hard Day's Night, dos Beatles, até This Is Spinal Tap, assumidamente a maior influência para Arnaldo. “Achei que o formato podia render como uma série. Mas não é um plágio total, Spinal Tap é totalmente câmera na mão, simulando cobrir uma turnê de mentira, e Overdose é mistura de depoimentos para a câmera e eventos encenados”, conta.

No ano passado o piloto da série foi exibido na MTV com o nome de Rock’n Roll. A série produzida numa parceria de Arnaldo com a produtora Carambolas concorreu com outros cinco pilotos e levou a melhor no voto popular, garantindo mais 13 episódios.

Até a produção do piloto, o seriado já tem história significativa. “Recebemos 400 links para testes em vídeo. Quando estávamos quase fechando o elenco, chegaram os vídeos do Juliano, do Daniel e do Gabriel Labanca”. Os garotos do coletivo de quadrinhos e esquetes Quase ganharam a vaga imediatamente.

A parte triste da história é que Labanca faleceu após um ataque do coração. “Ele não viu nosso projeto ser escolhido e nem seus colegas serem chamados para ser VJs - a MTV adorou o trabalho do Juliano e do Daniel (a dupla cuida do Último Programa do Mundo, que faz piada com o fim da emissora). Para a série fizemos uma espécie de reboot com o Raul Chequer, que também é da Quase, na pele do irmão do personagem do Labanca".

Arnaldo, que não costuma perdoar ninguém em suas tirinhas do Mundinho Animal, não se lembra de ter falado mal da MTV, mas reconsidera. “Talvez tenha falado genericamente de VJs ou de algum programa específico. Gostei sim e por muito tempo do canal, mesmo aquela fase esquisita em que eles botavam aqueles clichês de roqueiro pra apresentar de má vontade clips do Molejão”. Ainda assim vai sobrar uma piada para a emissora: “A gente tem um episódio só pra zoar a MTV fase terminal”.

Vai lá: Overdose, segundas na MTV, às 23h


 

Sesper, reprovado

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A Galeria Logo recebe a primeira mostra individual de Sesper até 5 de outubro. Misturada às grandes colagens, marca do artista, a exposição Reprovado abre com uma instalação. “Utilizei muito material que já estava no atelier há cinco anos ou mais. É a primeira vez que uno os dois formatos, colagem e instalação”.

O acúmulo de objetos, pintura texturizada e madeira recortada, que fazem parte da estética do artista, vem muito do seu próprio ambiente de trabalho (um ateliê repleto de objetos achados na rua e doados por amigos) e do seu histórico de experimentação e referências. “É uma técnica que faço desde muleque, desde os cartazes de punk e hardcore. A dificuldade é mesclar essa linguagem do punk, do skate e da música e também conseguir uma técnica mais refinada, focada em texturas”, diz o vocalista da banda Garage Fuzz.

O nome da mostra, “Reprovado”, partiu de uma antiga mangueira de bombeiro que achou em uma caçamba e colou em uma das grandes telas apresentadas. “Acho que também tem a ver com o lance de eu ser autodidata, de nunca ter feito parte de nenhuma academia ou mesmo com meu currículo escolar, que nunca foi dos melhores”, ri.

Vai lá: Sesper, Reprovado
Onde: Galeria Logo - Rua Artur de Azevedo, 401 - Jardim Paulista - São Paulo/SP
Quando: até 5 de outubro, terça a sábado, 11h às 19h
Quanto: entrada franca

Sobre as árvores

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O casal Mateo e Erica realizou o sonho de qualquer criança da década de 1980 quando ergueram sua primeira casa na árvore – só que pra levar a sério, dormir, trabalhar, cozinhar e acordar todo dia. Quase uma vida de Tarzan, se você pensar que eles também pulam de uma árvore pra outra, plantam sua própria comida e e vivem entre animais e meia dúzia de cachoeiras e piscinas naturais dignas de filmes da sessão da tarde.

Em 2006 largaram a vida “ordinária” no Colorado, Estados Unidos, e começaram a construção da Finca Bella Vista, uma comunidade autossustentável que vive em casas construídas sobre árvores na região montanhosa da Costa Rica. Hoje, são 25 casas – todas com Wi-Fi, o que prova que a ideia não é afastar toda a tecnologia e viver isolado. O conceito das moradias é o baixo impacto ambiental, com captação de água da chuva e biodigestores.

Com períodos definidos para receber visitantes, o preço para desfrutar de um dia do sonho arquitetado por eles custa a partir de 100 dólares só pela locação de uma treehouse.

Vai lá: www.fincabellavista.com

Uma fotógrafa humanista

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A cidade de São Paulo recebe entre agosto e setembro a exposição Sabine Weiss: amor pela vida. Sabine, suíça e naturalizada francesa, decidiu ser fotógrafa e, apoiada pelos pais, iniciou seus estudos aos 18 anos. Ao se mudar para Paris, registrou cenas cotidianas explorando a luz e os contrastes no P&B. Sua poesia são as pessoas que encontra ao caminhar nas ruas todos os dias. 

Com olhar de estrangeira, nos registros de Roma e Nova York, ou com olhar particular de quem vivia em Paris, retrata o mundo individual de cada uma delas, muitas vezes durante a noite, testemunhando que a vida nunca para de acontecer. A fotógrafa dedicou 70 anos para a arte e, com seus 90 anos, continua atrás de colocar seu olhar poético no corriqueiro.

São 60 fotos na exposição, dos anos 50 aos dias de hoje, e divididas nas seções Infância, A fé, Noite e Neblina, Ambientes, Outras terras e Artistas

Vai lá: Sabine Weiss: fotógrafa da emoção
Quando? De 16/08 a 15/09 - diariamente das 10h às 20h
Onde? Rua Oscar Freire, 1009, Jardins - São Paulo
Quanto? Gratuito

Mais informações no site: http://ow.ly/o8R2l

Um rolê com Sasha Grey

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Sasha espera a van que a levaria até uma emissora de TV do lado de fora do hotel onde está hospedada, na região da avenida Paulista. Ela é uma garota de 25 anos despachada, daquelas que sorriem sempre que cumprimenta as pessoas ou quando fala sobre os livros prediletos. Pisa na calçada com o tênis preto, estilo botinha, e está prestes a atravessar uma das alamedas mais movimentadas dos Jardins, bairro nobre de São Paulo, acompanhada apenas por Jessica, uma das suas melhores amigas.

Vendo-a parada ali, bem vestida com calças escuras, regata soltinha no corpo, blazer preto, bolsa a tiracolo, é difícil imaginar que estamos diante de um dos maiores mitos do cinema pornô, de uma mulher que esteve em quase 300 produções, já transou com seis caras ao mesmo tempo para um filme, e levou o sexo oral a profundidades inimagináveis. E também é uma das figuras mais interessantes da cultura pop: virou queridinha do diretor cult Steven Sodenbergh, com quem filmou Confissões de uma garota de programa (2009); participou de clipe do rapper Eminem; e foi parte da banda de rock industrial aTelecine.

É na van que a leva do centro expandido à Zona Sul onde conversamos com ela, que veio a São Paulo para divulgar Juliette society, seu primeiro romance erótico. Na entrevista abaixo, ela fala sobre ser uma das poucas atrizes do pornô americano a fazer sexo inter-racial, comenta a polêmica (não) depilação de Nanda Costa e revela a obsessão por comprar discos e DVDs. 

Mas se você é como o motorista que a acompanhou pela cidade, que era só elogios à simpatia da moça, mas até agora não tinha ideia de quem é Sasha Grey, aí vai um breve resumo. Nascida na Califórnia, ela entrou na indústria pornô assim que completou 18 anos. Não só porque era um jeito rápido de ganhar um bom dinheiro, mas porque queria explorar a própria sexualidade (apesar de ter sido uma das últimas da turma a perder a virgindade, aos 16). Nos filmes em que atuou, protagonizou cenas pesadas – na primeira delas, pediu ao cara com quem estava transando que lhe desse um soco no estômago – que logo conquistariam legiões de fãs por suas performances e lhe renderiam os principais prêmios do gênero.

Aos 21, Sasha decidiu se aposentar do mundo da pornografia. Desde então, filmou com o diretor cult Steven Sodenbergh, continuou tocando com a banda de rock industrial aTelecine, publicou dois livros (além de Juliette, lançou NEU SEX em 2011, que compila suas fotografias nos bastidores do pornô) e leu para crianças. Ah, também é fã de Nietzsche, Sartre e dos Bad Brains (banda americana de hard core); é ativista gay, defende o empoderamento feminino e o acesso universal à leitura, não frequenta festas “a não ser quando precisa discotecar”, pratica pilates, acaba de vender os direitos de seu romance para o cinema. E ainda consegue dar risadas nesta entrevista, em meio a uma agenda insana de divulgação do livro.

Trip. Sasha, você está em todos os lugares! Todos os repórteres querem falar com você, a noite de autógrafos ontem foi uma loucura, vi você em programas de TV, você discotecou aqui... Imaginava que a passagem pelo Brasil fosse quase como a vinda da Madonna?
É arrebatador e surpreendente. Não tinha ideia do que esperar, especialmente da noite de autógrafos.

O que a palavra “prazer” significa para Sasha Grey?
Bem, o prazer não precisa ter necessariamente a ver com a sexualidade, eu acho. Ele precisa preencher todos os sentidos, então podemos nos sentir estimulados física e mentalmente e isso não necessariamente quer dizer que estamos excitados. Mas também não quer dizer que precisamos estimular todos os sentidos para ficar com tesão.

Você se vê como uma figura que explora o prazer em todos os sentidos?
Sim, mas não em todos os sentidos, sabe, não sou uma chef de cozinha... Mas talvez eu faça isso, quem sabe?

Você poderia tentar escrever um livro de culinária, todo mundo faz isso hoje em dia [risos]. Sasha, as pessoas costumam comparar seu Juliette society com o best-seller 50 tons de cinza por serem livros eróticos escritos por mulheres. O que você pensa dessas comparações? Acho que há uma diferença específica entre os dois textos: em 50 tons, a personagem praticamente serve o que o cara quer. Já no seu livro, a Catherine é protagonista do próprio prazer.
É bem verdade. Minha personagem é bem mais forte e independente do que a de 50 tons de cinza. Claro, muitas mulheres gostam de agradar o parceiro e sentem prazer nisso. E a Catherine até pode querer ser sexualmente submissa, mas ela quer mais é controlar a situação para chegar até onde ela quer. Essa é a grande diferença.

Sei que você é uma leitora voraz [ela abre um sorrisão]. O que você leu enquanto escrevia Juliette society?
Ah, bastante coisa. Mas as principais influências são The sadeian woman, de Angela Carter, 120 dias de Sodoma, de Sade, e tudo o que ele escreveu.

Como você gostaria que seu livro fosse lido?
Apesar de ser um romance erótico, ele também é divertido. O gênero erótico também representa a visão de um autor sobre seu tempo, então espero que isso aconteça com Juliette society. Que as pessoas riam e não levem tudo tão a sério. Até mesmo os comediantes vivem tempos difíceis porque hoje em dia tudo é tabu.

Por falar em tabu, alguém já te falou da Nanda Costa?
Não, quem é?

É uma atriz brasileira que saiu na última edição da Playboy e causou polêmica porque não se depilou totalmente.
Oh!

Algumas pessoas acham que ela deveria ter tirado tudo porque é mais bonito e higiênico, outras acham que está bonito assim. Como o assunto depilação te afeta?
Gosto ao natural. Faz com que eu me sentir mais fêmea, mais mulher. Claro que tem gente que sempre vai achar que é nojento e nada sexy, mas sempre haverá pessoas como eu, que acham que é sexy, sim.

Você está aposentada há quatro anos do cinema pornô. O que vê quando olha para trás?
É estranho, porque agora estou fora do pornô por mais tempo do que realmente estive nele [dos 18 aos 21]. Quando olho para trás e vejo o que conquistei, às vezes fico chateada, como quando penso na produtora que tentei criar e não deu certo. Isso me frustra às vezes. Mas se não fosse por tudo o que vivi, talvez não estivesse aqui hoje.

Você sofre preconceito por ser uma ex-atriz pornô, como quando os pais de uma escola infantil nos Estados Unidos a impediram de continuar lendo para as crianças. Mas, dentro da própria indústria, presenciou cenas de preconceito?
Pensava quer o pornô seria um tipo de ambiente em que todo mundo tivesse a cabeça aberta e respeitasse as preferências das outras pessoas. Na verdade, conheci muitas pessoas realmente homofóbicas e sempre achei isso tão bizarro. Ou pessoas que agiam da mesma forma quanto ao sexo inter-racial. É engraçado, porque elas já estavam fazendo sexo, que é uma das coisas mais íntimas que uma pessoa pode fazer, diante de uma câmera. E tinham medo de fazê-lo com uma pessoa de outro sexo ou com outro tom de pele? Ou julga alguém só porque gosta de pessoas do mesmo sexo? Isso sempre me chocou.

Os filmes inter-raciais – ainda considerados um gênero à parte – nunca foram problema para você?
No começo da minha carreira, umas garotas me disseram “ah, você ganha um extra por fazer inter-racial” [imita a voz de uma menininha esganiçada]. E eu pensava: “O quê? O que vocês estão pensando? Vocês estão malucas?”. Tá, podia ser até um jeito de fazer mais dinheiro, mas sempre me pareceu errado. Já conheci atrizes que não topavam fazer cenas solo de masturbação com um pênis de borracha negro porque consideravam sexo inter-racial.

Que absurdo. E você nunca mesmo ganhou um extra por cenas assim?
Não, nunca. Nem passou pela minha cabeça.

É triste, mas ainda assim sua atitude é revolucionária.
Na verdade, nunca pensei sobre isso porque simplesmente nunca foi uma questão para mim. Cresci em uma vizinhança cheia de diversidade em que não importava a cor da pele.

E o que vale uma boa briga para Sasha Grey? Você também é ativista pelos direitos das mulheres, pelos direitos gays...
Ler, obviamente, é um direito universal e todos deveriam ter acesso a isso. Eu gostaria de passar o resto da minha vida encorajando crianças ou comunidades inteiras a ler. Outra coisa: por causa do meu passado – e porque as pessoas costumam associar o pornô à violência e à misoginia – tenho pensado cada vez mais em mudar essa perspectiva, de alguma forma. Bem, se o pornô pode ser mesmo considerado violento, por que não ajudar mulheres que sofrem violência sexual? Quando eu era mais nova e ouvia histórias de abuso, principalmente em relacionamentos, costumava pensar: “OK, a mulher é livre pra fazer o que quiser, então porque simplesmente não abandonou o cara?”. Agora, mais velha e com mais consciência, percebo como essas situações são delicadas, pensar em uma garota sofrer abuso parte meu coração e me faz refletir sobre o que posso fazer para ajudar. E não acho que precisa de muito, hoje em dia a internet é muito poderosa para conscientizar as pessoas. Tem um site chamado Change.org [plataforma internacional de abaixo-assinados], que apoia questões de direitos humanos no mundo todo. Eles realmente fazem a diferença em vez de atrair atenção da mídia para conseguir mais publicidade.

É uma coisa bonita de se ouvir.
Especialmente por causa da internet, os escândalos sexuais têm vitimado garotas exploradas por pessoas em quem elas pensavam que podiam confiar só porque estava do outro lado do mouse. Com a rede, as pessoas têm desenvolvido um complexo de que podem se livrar de tudo só porque estão na internet. Por isso também temos que ensinar as mulheres a se sentirem seguras com a própria sexualidade e ensinar os jovens que o mundo não é bonito, não são só flores e arco-íris, para que tenham um suporte firme e saibam lidar com essas situações.

Falando de assuntos mais leves, você é uma fã de punk e hard core. Quais são suas bandas favoritas e o que tem escutado ultimamente?
Uau, tenho muitas bandas favoritas. The Clash, claro. Bauhaus, Joy Division, Bad Brains. Estou bem surpresa com o novo álbum do David Bowie. E, ah, tem outra banda que se chama The Skins, eles são super punk rock, com um som rápido, e têm uma vocal feminina que é insana.

Você também é viciada em comprar discos, certo? Quais foram suas últimas aquisições?
Ah, foi mais ou menos uma semana antes de embarcar para cá, mas não sei... Nem ao menos sei quantos discos comprei. Às vezes entro em uma loja de discos e, momentos depois, olho para a sacola nas minhas mãos e penso “Caralho, como isso foi acontecer?”. Realmente não consigo me lembrar de tudo o que comprei [risos]!

Essa compulsão é só por discos?
Acho que meus grandes vícios são discos, DVDs e Blu-Rays.

Você conseguiu comprar alguma coisa aqui no Brasil?
Não, mas eu adoraria saber onde posso ir.

Depois te dou algumas dicas, se você quiser. Vem cá, você está namorando ou saindo com alguém, algo do tipo?
Sim… Tem alguém por quem realmente estou apaixonada.

Ele é americano, de onde ele é?
É…

Melhor não falar sobre isso?
Melhor não. 


O retorno de Emicida

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Divulgação / Ênio César

Emicida

Emicida: "O underground só é cômodo pro espectador, sacou?"


Emicida já foi capa da Trip, capa dos principais cadernos de cultura, apareceu muito na televisão e só agora está lançando o seu primeiro disco? É isso mesmo. Há uma semana o rapper paulista soltou seu primeiro álbum, O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui.

Produzido por Felipe Vassão, o álbum levou seis meses para ser produzido e mostra a liberdade e conforto do rapper em transitar do rap mais tradiconal até boas misturas do estilo com o samba, funk e rock. Também conta com as participações de nomes bem diferentes entre si. Enquanto Tulipa Ruiz participa da delicada "Sol de Giz de Cera", que Emicida escreveu para a filha, MC Guimê aparece em "Gueto", um verdadeiro encontro do rap com o funk paulista. Pitty, Juçara Marçal, Rael, Wilson das Neves e Quinteto em Branco e Preto são outros nomes na lista de convidados, pessoas que Emicida diz "ter ido buscar" por inspirarem sua música. 

E por que essa demora para um álbum? "Não me considerava pronto, dei uma segurada e fui pesquisando, fiquei quase um ano sem escrever desde o último lançamento", explica. 

Para divulgar o álbum, o rapper deu uma coletiva onde falou das diferenças entre o novo trabalho e os anteriores, a ampliação do seu público, música independente, a polêmica na música “Trepadeira" e também sobre sua relação com o Fora do Eixo.

Qual a principal diferença entre o álbum e os primeiros discos? Acho que a primeira coisa que norteou foi a possibilidade de ter uma finalização mais romântica, a parte técnica principalmente. Pela primeira vez a gente conseguiu dar o tapa que a gente queria. Eu queria muito fazer um disco que fizesse justiça ao caldeirão de músicas que eu escuto, mas sem ficar com cara de coletânea ou que parecesse que eu tivesse atirando para tudo quanto é lado. A linha de raciocínio é dada pelo rap, pela música falada, uma coisa que pesquisei muito nos últimos anos, mas em termos de arranjo a gente era totalmente livre. A gente queria fazer um disco de música brasileira contemporânea.

E todas as composições são novas ou você guardou alguma? A música “Nóiz” é de 2007. É a única velha que entrou. “O samba do fim do mundo” o primeiro verso eu declamei ele no VMB quando ganhei de artista do ano, mas não tinha lapidado ela. O resto pode ser novo para o público, mas não é novo para mim. “Levanta e Anda” quase saiu no Doozicabraba e a Revolução Silenciosa, assim com “Nóiz” quase saiu na primeira mixtape. Era uma forte candidata, mas no fim das contas não achei uma batida que casasse com ela.

 

"Eu tenho uma preocupação de perder os fãs de verdade. Eu tenho um apreço muito grande por essas pessoas. Elas estavam no Saravejo comigo quando iam 30 pessoas me ver."


Pela primeira vez um disco seu vai ter uma distribuição mais tradicional, estará nas lojas. Ao mesmo tempo em que chegam novas pessoas, você se preocupa em perder fãs do início? Eu tenho uma preocupação de perder os fãs de verdade. Eu tenho um apreço muito grande por essas pessoas. Elas estavam no Saravejo [bar/balada de São Paulo] comigo quando iam 30 pessoas me ver. Tem dois pontos: quando você cresce muitas pessoas começam a julgar você pelos que elas acreditam que você passou a fazer e não pelo que você tem realmente feito. E elas podem se desligar do acompanhamento da sua carreira. Mas essas pessoas não eram fãs de verdade da sua música. Elas eram fãs de um símbolo que era mais cômodo ver no underground. Só que o underground só é cômodo pro espectador, sacou? E tem o fã que é apaixonado por música. E eu quero um público apaixonado por música, que tenha sensibilidade para entender o que estou fazendo, poeticamente falando. Creio que essas pessoas eu tenho. Nos dois últimos que a gente fez em São Paulo eu reencontrei 60% das pessoas que vão aos meus shows há mais de cinco anos. A parada mais da hora que tem é você apresentar um música legal para as pessoas. As pessoas podem não ser fã de rap tradicional, que compram vários CDs no ano, mas é do caralho você ser o cara que tipo: “Escuta essa parada aí” e a pessoa compra na curiosidade e acha foda. Não fico medindo quem escuta minha música. Se eu fizer isso aí vou dar direito dos caras cercarem o outro lado da cidade para nós. Meu critério é ser sincero, que as pessoas se prendam pela música, pela sinceridade. CD é feito para vender e música é para entrar nas vidas das pessoas e trazer algo de positivo para elas. 

 

"Meu critério é ser sincero, que as pessoas se prendam pela música, pela sinceridade. CD é feito para vender e música é para entrar nas vidas das pessoas e trazer algo de positivo para elas" 


E quanto a questão da música “Trepadeira”, que levantou uma polêmica. Você escreveu a respeito, mas o que acha da questão. O rap não pode escrever uma crônica como outros artistas fazem? É um flerte com a ficção, mas... 'nóis é o rap'. Vai doer em nós. Tem esse negócio, tudo que não for pautado na realidade dura das ruas é tido como um amolecimento na postura, na ideologia, quando minha luta é por liberdade acima de qualquer outra coisa. Não quero virar refém dos temas que já cantei e nem das pessoas que me escutam. Tenho que me manter livre para criar música que eu considere relevante. E sou muito feliz de ter composto essa música e demorou, viu? Porque é nome de planta até umas horas e ninguém ajudou. Só o Tom Zé, mas sem saber. Porque eu fui lá e ele tava cuidando das plantas, ele ficava falando os nomes de cada uma e eu só aqui “Hummmmm”. O Tom Zé foi o primeiro que eu mostrei essa música e ele chapou. Ele falou um bagulho… falou que eu era o cão do segundo livro. Elogio do Tom Zé [risos].

 

 

"Tenho que me manter livre para criar música que eu considere relevante. Sou muito feliz de ter composto essa música ['Trepadeira'] e demorou, viu? Porque é nome de planta até umas horas e ninguém ajudou. Só o Tom Zé, mas sem saber. Fui lá e ele tava cuidando das plantas, ele ficava falando os nomes de cada uma e eu só aqui 'Hummmm'."


No dia em que o Mídia Ninja estava no Roda Viva, o Pablo Capilé falou que o Fora do Eixo "ajudou a lançar o Emicida". Afinal, qual o papel que eles tiveram nessa história? Ajudaram? Atrapalharam? Eu não entendi isso não. Várias pessoas entenderam isso, mas eu não entendi isso. Ele falou como se nós tivéssemos utilizado da plataforma e realmente nós utilizamos da plataforma do fora do eixo.  E para mim foi bom, foi do caralho. Acho que eu cheguei no Fora do Eixo com um tamanho que eu tinha condição de negociar algumas coisas.  Eu não posso falar de proposta indecente com cubocard porque eu nunca recebi uma proposta do tipo: “Venha tocar para ganhar 8 mil cubocards”. Isso não aconteceu comigo. E dúvido que eles tenham colocado arma na cabeça de alguém e falado “você vai tocar por causa disso”.

 

"Acho que eu cheguei no Fora do Eixo com um tamanho que eu tinha condição de negociar algumas coisas.  Eu não posso falar de proposta indecente com cubocard porque eu nunca recebi uma proposta do tipo: 'Venha tocar para ganhar 8 mil cubocards'. Isso não aconteceu comigo."

 

Fazendo um comparação, quando a gente lançou “Dedo na ferida” teve o lance da prisão em Belo Horizonte e muito se falou de liberdade expressão e perseguição do rap. E o que a gente queria que as pessoas vissem - a situação de Pinheirinho, de Eliana Silva, das ocupações em São Paulo, dos incêndios na favela, isso foi pouco falado. Queria levar luz para esse questionamento, mas as pessoas só centraram que eu fui preso. A conversa tem que ser como a música independente se encontra. A gente tem que sair do mundinho de que a música independente do Brasil é meia dúzia de banda de rock e o Fora do eixo. A gente tem um panorama cultural imenso e enquanto a gente não ver isso como um todo vai ficar nessa discussão aí. Porque se quando você pensa na música independente brasileira vem na sua cabeça edital, Fora do Eixo e banda de rock, você não sai na rua, você não vive a rua. O que esses três pontos movimentam anualmente não chega a trinta por cento do que se se você pegar o forró, o tecnobrega, o pagode, o funk. Acho que conversa tá indo pro lado errado, como se o Fora do Eixo fosse a única opção na vida de todas as pessoas. A conversa deve ser como a música independente se encontra.

 

"Os caras tomaram tiro na Paulista, tiro de borracha e foi capa de jornal. Aí, porra, os policiais invadem a favela, matam as pessoas e nóis vira nota? Isso mostra que tem alguma coisa muito mais séria que a gente precisa atentar."

 

Como você viu os protestos dos últimos meses? Eu fiquei feliz pra caralho porque tem esse negócio do exercício da democracia, das pessoas irem para rua. Mas eu também fiquei refletindo. Tipo, os caras tomaram tiro na Paulista, tiro de borracha e foi capa de jornal. Aí, porra, os policiais invadem a favela, matam as pessoas e nóis vira nota? Isso mostra que tem alguma coisa muito mais séria que a gente precisa atentar. Achei do caralho, vi várias pessoas que eu acredito indo para as manifestações e acho que o Brasil inteiro deve exercer a democracia, principalmente nas favelas. Porque é lá que a bomba estoura.

Ouça a íntegra de “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui”: 

Os shows de lançamento do álbum acontecem no SESC Pinheiros nos dias 10 e 11 de setembro. As datas contarão com as participações especiais que estão no disco: Pitty, Juçara Marçal, Rael, Wilson das Neves, Tulipa Ruiz e Quinteto em Branco e Preto. Os ingressos estarão à venda pela Rede INGRESSOSESC a partir desta sexta-feira, às 14h.

“Vai ser pancada”, ele promete. “Dia 10 e 11 vão ser muito especiais para mim, para a música independente e para o rap.”

Vai lá: Emicida - Lançamento do disco O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui
Sesc Pinheiros, dias 10 e 11 de setembro
Rua Paes Leme, 195 - Pinheiros
Ingressos: R$ 32 (inteira), R$ 16 (meia)

Mavericks - A onda sinistra

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Divulgação

O big rider californiano Flea Virostko encara Mavericks

O big rider californiano Flea Virostko encara Mavericks

Publicado este mês no Brasil, o livro-reportagem Mavericks - A onda sinistra, de Mark Kreidler, conta a história de um dos picos mais desafiadores do surf e relembra a história de Jeff Clark, o surfista que descobriu o local. O livro também resgata a história de uma das temporadas mais perigosas (com tempestades e ondas com mais de vinte metros de altura) e prestigiadas de Mavericks (participaram do circuito 24 big riders, como Greg Long, Chris Bertish, Grant Washburn, Darryl Virostko e o brasileiro Carlos Burle). A seguir, você pode ler o primeiro capítulo na íntegra

Dobrando uma esquina em Pillar Point, o surfista encarou a nebulosidade da manhã e os leves esguichos de água salgada, e chegou a uma faixa estreita de praia. Aquela passarela de areia levava até as pedras e o quebra-mar e, muito além de onde sua vista alcançava, a gigantescos paredões de água que, ele tinha certeza, estavam quebrando ao longe. O famoso costão ao seu lado já estava pululando de gente, ameaçando o terreno instável do penhasco. Ao ver as condições radicais ao seu redor, sentir a areia fria debaixo dos pés e já sabendo o que sabia, algo que apenas uma vida inteira passada naquele exato local poderia ter-lhe dito, Grant Washburn imediatamente entendeu duas coisas.

Em primeiro lugar, tinha uma chance excelente de pegar a onda da sua vida ou sofrer uma morte dolorosa. Em segundo, as pessoas que estavam na água não seriam as únicas castigadas.

Ali, com sua prancha de nove pés e oito polegadas, Washburn, ele próprio com a imensa estatura de 98 metros, parou por um momento para absorver a cena que se descortinava diante de seus olhos. Havia um circo na areia. Tendas e barraquinhas por todo canto, pódios, palcos, equipamento de som, brindes de patrocinadores empilhados sobre mesas improvisadas. Tinha uma barraquinha vendendo bourbon – eram drinques sendo passados de mão em mão? Espalhava-se pelo ar um aroma de pizza e salsichas, como em qualquer festival: vendedores ambulantes ofereciam esses alimentos a alguns metros dali, num estande onde você podia comprar sua própria camiseta de Mavericks e outras lembranças. Tudo se assemelhava aos cem metros anteriores à saída de um parque de diversões.

Dali, de onde os espectadores estavam perambulando, não havia chance nenhuma de observar direito o pico em si e a onda que causara todo aquele carnaval. Só dava para ver nuvens baixas, um sol alto e um pouco de mar. Seria melhor para eles comprar uma pizza de pepperoni e voltar para casa para assistir ao evento transmitido por webcast em seus laptops. Mas Washburn já sabia que aquelas pessoas não iriam embora. A maioria era amadora; não entendia nada. Foi esse pensamento, e não o ar de fevereiro que vinha do mar em Mavericks, que fez Washburn ter um calafrio. Com um só olhar, Grant se deu conta de que os espectadores não compreendiam que não dava para ver o evento daquele local, nem se as nuvens se abrissem e dessem lugar a uma tarde perfeita e cristalina.

Tinham apenas uma vaga ideia de que estavam se colocando em perigo ficando assim tão próximos do quebra-mar. E, uma vez que aquela era uma área pública, ninguém estava com muita vontade de lhes dizer que não deveriam permanecer num lugar onde, legalmente, tinham o direito de estar. Claro que não era proibido ficar ali, mas o bom senso e a longa experiência diziam a Grant que os espectadores com certeza levariam um banho da onda. Mas, hoje, ninguém iria mpedi-los.

Afinal, aquilo era um evento; não um dia normal de surfe, ou pelo menos não apenas um dia normal de surfe. As pessoas que estavam dentro da água hoje iam arriscar suas vidas e seus ossos até um ponto incomum, mesmo para os padrões do lugar. Muitos seriam castigados pelas ondas, ainda que conseguissem evitar uma tragédia completa. Somente essa ideia já fazia daquilo um acontecimento. Washburn tinha de admitir: até as pessoas que sabiam o que estavam fazendo – que conheciam o humor inconstante da onda – permaneciam na praia. Havia resultados a ser anunciados, um webcast a ser produzido, planos de operadoras de celular a ser empurrados para o público, um evento a ser gravado e editado, comida a ser vendida.

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Naquele exato momento, Grant Washburn sentiu que estava parado na esquina das avenidas Alma e Comércio. Ficava bem ali, em Pillar Point. Até aquele inverno, Mavericks, de acordo com muita gente, havia realizado o sonho daqueles que o promoviam e se tornado o Super Bowl dos eventos de surfe. Era o clássico exagero. Seja lá o que fosse considerado demais – gente demais, comercialização demais –, dali em diante a competição ia se aproximar desse limite e depois ultrapassá-lo. Washburn passara anos vendo o evento nascer e crescer em termos comerciais. Sendo um dos veteranos da área, ele tivera seu papel na crescente popularidade do lugar entre pessoas que nunca haviam surfado e jamais surfariam. Dera inúmeras entrevistas; compartilhara seu tempo e seus conhecimentos com documentaristas, cientistas do surfe, repórteres, cineastas. Vira a corrida do ouro que se seguira quase passando por cima de um de seus melhores amigos, Jeff Clark, fundador e padrinho do campeonato. Grant surfara em todas as competições, filmara a onda dúzias de vezes e colaborara com um livro de fotos e ensaios sobre ela. Tinha orgulho de ser um dos pouquíssimos seres humanos que alguma vez tentaria realizar algo tão claramente insano quanto descer uma onda de quinze metros. E Grant acreditava em celebrar aquele lugar, não escondê-lo, e celebrar as pessoas que, como ele, o amavam sem reservas.

Nem ele nem seus irmãos de competição eram contra a ideia de ganhar um pouco de dinheiro para surfar a onda que adoravam dropar de graça, ou até pagando, durante todo o resto da temporada. Era o tempo no mar que eles mais valorizavam, a fraternidade, o desafio, o risco e a adrenalina da coisa, e a recompensa indescritível de conseguir domar uma minúscula fração do poder natural incrível que revolvia e ribombava por Pillar Point, eterno e implacável. Aquela parte era espiritual e real. O resto eram só negócios – pegar um pouco da grana que outras pessoas haviam descoberto como arrancar de Mavs. Se alguém merecia um pouco, com certeza eram os caras que arriscavam a pele.

Ainda assim, hoje era diferente. As ondas estavam maiores e mais assustadoras, e o público, maior e mais desorganizado. Washburn viu tudo; viu o que ia dar errado. Não queria que ninguém que estava ali só para assistir se machucasse. “Vocês vão ser arrastados pela onda”, disse sem rodeios para o grupo de vendedores de companhias telefônicas à sua frente. Olhou em volta de novo e lembrou por que, anos antes, dissera à esposa e às filhas que parassem de ir à praia em dia de competição. Grant era o único membro da família Washburn que se arriscaria – e mesmo ele, aos 42 anos, só estava disposto a correr riscos nas ondas quando eles eram calculados ao máximo. No entanto, esses riscos existiam, e cobravam um preço bem alto – hoje, mais do que nunca. O resto da família não ia se aventurar daquela maneira.

Do outro lado da praia, Grant encontrou algumas das pessoas que estavam tentando cuidar da segurança e disse que deveriam colocar os produtos, as tendas e, acima de tudo, os espectadores num lugar mais seguro, atrás do penhasco. Ele sabia que as ondas iam cair com tudo em cima daquela faixa estreita de areia, espirrando jatos de água salgada sobre o quebra-mar e arrastando tudo o que houvesse pela frente. A sensação era a de que o dia seria daqueles, e, para um surfista, essa sensação é tudo. Na verdade, para qualquer pessoa que frequentara Mavericks ao longo dos anos, essa era uma conclusão automática baseada nas condições. As ondas estavam se formando tão longe no mar e caindo sobre Mavericks com tamanha força que acabariam carregando vestígios daquela energia potente até o quebra-mar. Isso já havia acontecido milhares de vezes antes. Além do mais, aquilo que estava prestes a ocorrer se via logo ali, na tela do computador de quem quisesse ver, e já fazia algum tempo. Washburn e os outros surfistas tinham visto esses swells atravessando o Pacífico dias antes; estavam rastreando a tempestade desde que ela nascera, acompanhando os modelos de previsão de tempo que seu colega Mark Sponsler construíra em seu site. Esse padrão de onda específico havia passado pelo buraco da agulha e atravessado quase 3 mil quilômetros de mar aberto, chegando até esse minúsculo ponto do mapa como um monstro. Os surfistas estavam mais alucinados do que nunca. Mesmo para uma tempestade que criara swells tão gigantes, a chance minúscula de todas as variáveis se harmonizarem da maneira perfeita para trazer a onda até Mavericks ainda era minúscula. Quando acontecia, sempre parecia um milagre.

Dessa vez, as ondas seriam épicas. E épico, na água, significava uma potencial catástrofe na praia. Washburn sentiu certa vontade de pegar um megafone e gritar para a massa ali reunida que saísse da zona de perigo, mas sabia que não faria muita diferença. E, no fim das contas, Grant Washburn estava ali para surfar; não para cuidar da segurança. Sua bateria na competição ia começar logo. Grant queria entrar na água e remar para longe para ver bem as ondas que Mavs produzira para ele hoje. Balançou a cabeça, desanimado com aquela confusão na praia. Grant não era a polícia do mundo – mas talvez alguém devesse ser. Um dos seguranças havia assentido para Grant quando ele falara do perigo, como se quisesse dizer que compreendia o que ele estava tentando lhe dizer sobre afastar todo mundo do que provavelmente seria a área de impacto, mas o surfista teve certeza de que nada ia mudar. Os patrocinadores ainda estavam chegando. O pessoal da TV e do webcast estava conectado. A bruma ia se dissipar e se transformar numa tarde espetacular, digna de cartão-postal, e os surfistas dançariam dentro de um abismo aquático para divertir – e talvez chocar – as massas.

Os fãs queriam o que queriam. Seria um espetáculo. Washburn pegou sua prancha e se afastou do público, entrando na parte rasa da água. Após remar para longe, pôde ver as ondas entrando, as séries se enfileirando a quase .,5 quilômetro da praia. Era colossal. Grant não podia impedir o que vinha; seria futilidade tentar. O que podia fazer era ir até lá, como fizera várias vezes nos últimos quinze anos, e se conectar com ela. Nem sempre era tão imensa e tão arriscada, e nunca fora tanto num dia de competição; mas ela estava lá. Era a onda de verdade, e Grant Washburn sabia exatamente o que fazer, pelo menos em relação àquela parte. Sabia como aceitar a energia, se alinhar com as forças naturais, domar a adrenalina, acalmar os nervos e descer a onda. Grant sabia que, hoje, tudo podia mudar, para melhor ou para pior.

E Grant pensou também em Mark Foo, um conhecido big rider havaiano que anos antes morrera ali, numa onda que não devia tê-lo matado, num dia que não era nem de longe tão grandioso. A morte trágica de Foo ficara como uma lembrança gélida de que qualquer surfista podia ser esmagado pelo que pareciam ser condições normais. Era parte do risco gigante no qual todos eles eram viciados. Mas hoje a coisa iria além. Era um daqueles dias – Grant mal precisou de um olhar para perceber – nos quais nem todo o treinamento do mundo, nem todo o vigor e toda a força ajudariam qualquer um deles a chegar do outro lado sem se arrebentar. Não daria para sobreviver só porque você tinha levantado mais peso, feito mais exercício em terra ou ficado mais tempo prendendo a respiração. A questão não era preparo físico ou coragem; não era resistência. Você não conseguiria ultrapassar o perigo só com sua vontade. Dessa vez, Mavericks exigia uma tonelada de experiência e quatro de respeito. Menos que isso e você seria destroçado.

Algumas horas antes, quando Washburn ainda não entrara no mar, seu colega, o surfista da Cidade do Cabo Chris Bertish, estava se revirando na cama, tentando dormir. Era um descanso do qual Bertish precisava desesperadamente, mesmo que fosse só por algumas horas. Mas sabia que isso não aconteceria, pelo menos não por enquanto. A visão continuava fugindo. Quando a visão fugia, a paz não era possível.

Chris escolhia ser uma pessoa otimista, mas esse problema precisava ser resolvido. Não era uma questão de localização; não se sentia perdido. Não estava cansado. Estava, como seria de se esperar, um pouco tenso após ter viajado por 36 horas consecutivas, durante as quais havia conseguido, graças à sua lábia, pegar a última conexão para a costa oeste dos Estados Unidos, perder todo seu equipamento em algum ponto do trajeto e então precisar se hospedar na casa de outra pessoa para relaxar. Mas nada disso, em si mesmo, era necessariamente singular; Chris experimentara a maior parte daquelas coisas de uma maneira ou de outra dúzias de vezes. Afinal, atravessar o globo com tão pouco tempo para se organizar tinha seus problemas. Sabia por experiência que, quando por fim deixasse acontecer, quando se permitisse completar a imagem que havia em sua cabeça, poderia descansar por algumas horas. Mas o problema é que ele não conseguia deixar acontecer. Não conseguia se soltar. A cena sempre ocorria da forma errada.

Bertish sempre visualizara. Era assim que se preparava mentalmente para descer ondas do tamanho de prédios. Principalmente na noite anterior a uma grande competição, Chris repassava toda a sequência de surfe na cabeça, dissecando as idas e vindas de cada onda até conseguir ver um caminho livre da crista à parede, por dentro do tubo e até o outro lado. Imaginava-se remando até estar na posição e caindo para dentro da onda, cravando na prancha um pé direito firme e uma borda sólida na água agitada. A gigantesca barreira líquida se engrossaria lá em cima, e Chris encontraria uma maneira de atravessá-la, com um timing puro e perfeito. Ele surfaria exatamente como queria, com uma deslizada limpa, e a onda permitiria que passasse em paz. Era rítmico e universal, a epítome de sua ligação com o oceano e com a onda.

A visão era linda e fluida. E também estava comicamente em desacordo com o que de fato acontecia na água na maioria das vezes. Lá, tudo era turbulência e espuma; um barulho como o de um trem de carga ribombando em seu crânio. Eram sentidos constantemente aguçados e adrenalina absorvida aos quilos. Chris era um dos destemidos surfistas de ondas grandes, um autêntico. Enfrentava séries colossais que outros caras deixavam passar, e seus esforços eram recompensados com energia e arrepio – e também, às vezes, com dor, desorientação, exaustão. Chris, da adolescência até agora, aos trinta e tantos anos, sempre estivera disposto a se atirar no caos, mesmo quando a razão e a prudência não aconselhavam. Ia a lugares aonde até os outros big riders tentavam convencê-lo a não ir. Matava dragões. E amava tudo aquilo.

Chris Bertish enfrentava as ondas, pegava algumas incríveis e dava aos fotógrafos e cinegrafistas oportunidades de captar imagens maravilhosas. Também se arrebentava com frequência. Sofrera uma lesão no ligamento colateral medial do joelho esquerdo no ano anterior. Surfara um dos dias de maiores ondas em Mavericks aquela temporada com duas costelas quebradas, simplesmente cobrindo o torso com camadas justas de papel filme, fechando sua roupa de borracha e indo para o mar. Chris já fora partido e rasgado, já ficara preso embaixo d’água pela força da onda tantas vezes que conhecia bem os primeiros estágios da perda de consciência – aquela sensação de calma e paz que o dominava quando começava a desmaiar. Sabia como lutar contra isso por tempo suficiente para sobreviver quando o poder da onda o obrigava a submergir. Sabia como ganhar.

Vai lá: Mavericks - A onda sinistra, ed. Zahar, R$44,90 e R$ 29,90 (e-book)

Secos e Molhados revisitado

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O álbum homônimo e de maior sucesso do Secos e Molhados acaba de ganhar uma edição especial relançada na voz de artistas nacionais. Este ano o disco completa 40 anos, por isso a releitura vai chamar Armazén 73. São, ao todo, 13 faixas e entre os escolhidos para as releituras estão Nevilton, Leo Fressato e A Banda Mais Bonita da Cidade. Todos nascidos depois de 1973, quando o LP original foi lançado.

Escute abaixo todas as faixas:

O lançamento aconteceu pelo site RockinPress e, por lá, também é possível fazer o download gratuito, além de assistir o vídeoclipe composto por frames da gravação de Fala, feita pela banda Maglore

Vai lá: http://www.rockinpress.com.br/

São Paulo sem carro

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Todo mundo que enfrenta o trânsito de São Paulo diariamente já sabe o quanto ele é prejudicial à qualidade de vida. Uma pesquisa do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) revela que 58% dos paulistanos acreditam que as horas no congestionamento são causa de infelicidade. Este e outros dados sobre como lidamos com transporte na cidade estão na segunda edição do guia Como Viver em São Paulo Sem Carro, idealizado por Alexandre Lafer e editado por Leão Serva, que chega as livrarias no final de agosto. 

Capa: Como viver em São Paulo sem carro - 2013

Capa: Como viver em São Paulo sem carro - 2013

Além da infelicidade no trânsito, o livro mostra ainda que parte da população, principalmente a mais jovem, está deixando de usar automóveis como principal meio de transporte. Nos últimos dois anos, cerca de  57%  dos jovens da capital deixaram de sonhar com o primeiro carro, o que pode mudar a situação do trafego nas próximas gerações. A pesquisa revela também que, muitas vezes, vender o carro e andar de táxi pode ser mais vantajoso para ganhar tempo e economizar dinheiro.  

Com ilustrações de Eva Uviedo, a segunda edição do guia conta a história de 15 novos personagens que optaram por deixar os carros de lado. Entre eles, a atriz Nathalia Rodrigues e o designer Humberto Campana. Leão Serva, coautor do guia, conversou com a Trip e atesta que, no futuro, vamos sim usar menos carro. “Não por benemerência, mas por necessidade”. 

Trip - 38% dos paulistanos optam por usar o carro só nos fins de semana. Isso significa que está mais fácil viver em São Paulo sem carro? Acho que revela sim que está mais fácil viver em São Paulo sem carro. Embora ainda tenham problemas, o metrô melhorou muito nos últimos tempos, os ônibus também. Com ciclovias, ciclofaixas, etc, as bicicletas viraram uma realidade. E ficou mais difícil viver com carro. O número de novos carros cresce todos os dias, o governo mantém congelada a gasolina há dez anos, quem tem carro é incentivado a usá-lo e os congestionamentos crescem em todo o país. As pessoas parecem ter se dado conta de algo que dizíamos na primeira edição do guia, o trânsito vai sempre crescer, a solução é individual.

Mas o uso da bicicleta ainda é difícil na cidade, apesar do respeito pelo ciclista ter aumentado. Estamos caminhando para melhoria neste sentido?  Sem dúvida! O respeito ao ciclista cresceu, a educação dos ciclistas também está melhorando, há até instituições como o Bike Anjo que ensinam as pessoas a melhorarem sua segurança usando a bicicleta. As ciclovias também cresceram, de zero para algo já visível - que ainda assim é pouco - com pelo menos duas delas muito úteis ligando o centro a regiões muito populosas, como as zonas Leste e Sul. E as ciclofaixas, embora ligadas ao lazer, servem como incentivo didático para os dois lados, os ciclistas e os motoristas.

Gráfico mostra quais os meios de transporte os paulistanos aderiram no lugar do automóvel

Gráfico mostra quais os meios de transporte os paulistanos aderiram no lugar do automóvel


O número de usuários de trem e metrô aumentou, mas a qualidade dos serviços ainda é precária. Como fazer com que a população abandone o carro sem termos alternativas que facilitem o dia a dia? O número de usuários de trem e metrô em São Paulo cresceu nos últimos três anos o correspondente a todo o universo das pessoas transportadas por trem e metrô no Rio de Janeiro. É uma cifra impressionante. 1,2 milhão de pessoas se somaram aos usuários que já existiam no sistema de trilhos. Isso é prova de que o sistema não é tão ruim quanto dizem e que o povo não é bobo. Ele adotou o transporte público sobre trilhos porque as vantagens superam as desvantagens. A tão falada lotação existe, de fato, mas ela é concentrada em certos horários e trechos. E ela não é tão maior do que a que se vê em horários e trechos daqueles sistemas que o brasileiro costuma admirar e descrever como "de primeiro mundo". O que acontece é que você não pode dimensionar o sistema pelo horário de pico. A rigor isso é jogar dinheiro fora, dinheiro de impostos. Ao mesmo tempo, há muito a melhorar, de fato, mas devemos saber que quando o sistema estiver excelente, ainda assim milhões de pessoas estarão paradas dentro de carros em congestionamento, porque isso é uma característica cultural. 

Era cultural também ter o esperado primeiro carro, mas agora vemos que  jovens brasileiros estão optando por não ter carro. Isso prevê uma mudança no tráfego das próximas gerações?  Sim, essas curvas de crescimento indicam para pontos de equilíbrio. A população de São Paulo está estável há vários anos, a curva de demanda por novos carros tem um ponto de arrefecimento e o uso voraz também tende a diminuir. Nos Estados Unidos há uma inflexão no uso do carro nas novas gerações. Na Alemanha, há uma mudança muito grande na relação com o carro, para menos uso como meio de transporte constante para uma coisa mais eventual e uso mais intenso de transportes públicos. Isso deverá acontecer no Brasil também. Mas veja bem, ninguém o fará por benemerência, mas por necessidade.  E uma das mais fortes influências para isso é exatamente o desconforto causado pelos congestionamentos.

Vai lá: Lançamento do livro “Como viver sem carro em São Paulo”
Quinta-feira, 29, a partir das 19h
Livraria da Vila - Alameda Lorena, 1731

Katia B - Pra mim você é lindo

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Daryan Dornelles

Neste sábado, 31, no Auditório Ibirapuera em São Paulo, a cantora Katia B lança seu quarto CD, o Pra Mim Você é Lindo, que também dá nome ao show. No repertório da apresentação, a cantora traz canções gravadas em seus discos anteriores e também no trabalho lançado recentemente, dando continuidade com os recursos eletrônicos somados aos instrumentos acústicos que predominam desde o Só Deixo Meu Coração Na Mão de Quem Pode, de 2003.

Katia B se apresenta ao lado de Lucas Vasconcellos na guitarra - um dos produtores do trabalho e também membro da banda Letuce -, MPC no baixo, Marcelo Wig na bateria e Guilherme Gê nos teclados. Além de Ná Ozzetti, Edgard Scandurra e do compositor Antonio Saraiva como participações especiais. Canções como Sete Mil Vezes, de Caetano Veloso, Le Temps de L'Amour, dos anos 60, e a parceria com Fausto Fawcett Só deixo meu coração na mão de quem pode também estão no setlist.

Vai lá: Katia B - Pra Mim Você é Lindo
Quando: 31 de agosto, sábado, às 21h
Onde: Auditório Ibirapuera - Av. Pedro Alvares Cabral, s/n – Portão 2 do Parque do Ibirapuera
Quanto: R$20 e R$10 (meia-entrada)

www.katiab.com.br

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