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Casamento gay avança

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Depois de quase dois anos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que definiu a legalidade para o casamento entre pessoas do mesmo sexo, enfim, os casais brasileiros poderão oficializar seus casamentos em qualquer cartório do País. Graças a uma decisão do do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), todos os cartórios da federação são obrigados, à partir de hoje (17), a oficializar casamentos entre pessoas do mesmo sexo e converter em matrimônio as uniões civis homoafetivas já cadastradas.

A vitória tem um gosto especial por acontecer no dia 17 de maio, quando se comemora o Dia Internacional da Luta contra a Homofobia. A data que marca a exclusão da homosexualidade dos registros de Classificação Internacional de Doença (CID) da Organização Mundial da Sáúde, em 1990, agora também marca o início oficial dos direitos iguais para casais formados por pessoas do mesmo sexo no Brasil. Com isso, casais gays passam a ter direito a pensões, divisão de bens e todas as vantagens asseguradas em lei para casais heterosexuais.

Caio Cezar

Capa da Trip #205, especial Diversidade Sexual

Capa da Trip #205, especial Diversidade Sexual

A decisão da CNJ provocou uma corrida de casais aos cartórios. As decoradoras Mônica Vieira (45) e Rosa Pelegrin Fernandes (40), para dar um exemplo que apareceu hoje no G1, foram o primeiro casal de São José do Rio Preto (interior de São Paulo) a se casar sob a nova lei na cidade. Em BH, como mostrou o site Em, um dos casais beneficiados foi Jeferson Pinheiro Damásio e Éder Melo Barbosa Pinheiro, que estão entre os primeiros a se casar nas Minas Gerais.

Em 2012, ainda de acordo com a reportagem do G1, cerca de 1.227 casais homosexuais oficializaram suas Uniões Estáveis em cartórios, só contando estabelecimentos de 13 capitais estaduais. Com a regulamentarização do casamento, esse número só tende a crescer em 2013, tanto nas cidades maiores como no interior.

"Essa decisão representa a garantia dos direitos de um casal homossexual no mesmo formato de um casal heterossexual. É muito diferente, em contextos variados, dizer que ‘vivemos juntos há tantos anos’ e falar que ‘estamos casados há tantos anos’. O poder instituído vai entender [a situação] de outra forma e a sociedade vai enxergar essa união com mais legitimidade”, afirmou Evaldo Amorim, secretário regional da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) de São Paulo, em entrevista à revista Exame.

Não é só aqui

E os brasileiros não estão sozinhos nessa. Nesta sexta, após diversas manifestações públicas nas ruas de Paris (tanto contrárias quanto favoráveis ao casamento gay), o Conselho Constitucional francês aprovou o casamento e a adoção de crianças para casais homossexuais no país, quase um mês depois da aprovação do projeto no Parlamento Francês. De acordo com a agência Associated Press, François Hollande, presidente francês, promulgará a lei ainda no sábado (18).

Com isso, a França torna-se o 14º país a realizar e reconhecer casamentos entre pessoas do mesmo sexo em âmbito federal. O país europeu se une à lista que já continha Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, Dinamarca, Islândia, Holanda, Noruega, Portugal, África do Sul, Espanha, Suécia e Uruguai. Nos EUA, apenas nove estados entre os 50 do país já reconhecem o casamento gay (Connecticut, Iowa, Massachusetts, New Hampshire, New York, Vermont, Maine, Maryland, Washington e o Distrito Federal). No México, só dois estados realizam casamentos, mas todos os estados do país os reconhecem. A mais estranha excessão é Israel, que não realiza casamentos entre pessoas do mesmo sexo, mas reconhece casamentos realizados fora de seu território.

Reprodução/Familiabolsonaro.blogspot

O deputado Jair Bolsonaro em momento mais descontraído

O deputado Jair Bolsonaro em momento mais descontraído

Na China, um dos países onde ainda hoje é mais difícil vencer a força da lei por pressão social, um grupo de dez advogados dos direitos humanos no país pediu formalmente à Assembleia Nacional Popular (equivalente à câmara dos deputados na China) que reconheça a união civil entre pessoas do mesmo sexo com um decreto unilateral. O ponto mais forte do argumento são os números, que indicam que cerca de 5% da população do país (quase 40 milhões de pessoas) se dizem homossexuais ou bissexuais.

Liberais com espumante, conservadores espumando

Ontem (16), antes que o primeiro casamento civil se realizasse sob a nova lei, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) soltou os cachorros contra a decisão da CNJ. "O Judiciário, a exemplo do Supremo, tem avançado sobre a Constituição. Está bem claro na Constituição aqui: a união familiar é um homem e uma mulher. Essas decisões aí só vêm a cada vez mais solapar a unidade familiar, os valores familiares: vai jogar tudo isso por terra", esbravejou no plenário, sem sucesso.

Em entrevista ao Terra, ele foi mais além: "Eu sou parlamentar para pregar o que eu bem entender. Se eu achar que jornalista tem que ir para o pau de arara, eu posso falar! Eu posso ir buscar assinaturas para a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) nesse sentido. Eu posso falar a besteira que eu quiser! Por isso que eu tenho imunidade, é para falar, dar opiniões."

Para não ficar atrás, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também repudiou a decisão da CNJ. Mas ao invés de bater na mesa para mostrar força política, apelou contra o progresso usando a visita do Papa Francisco I ao Brasil como desculpa. O primeiro Papa sulamericano vem ao país para a Jornada Munidal da Juventude, que acontece no Rio de Janeiro entre os dias 22 e 28 de julho.

"As uniões de pessoas do mesmo sexo (...) não podem ser simplesmente equiparadas ao casamento ou à família, que se fundamentam no consentimento matrimonial, na complementaridade e na reciprocidade entre um homem e uma mulher, abertos à procriação e à educação dos filhos", defendeu a CNBB. "Unimo-nos a todos que legítima e democraticamente se manifestam contrários a tal Resolução".


Thais Panighel

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Se não tivesse nascido em São Paulo, Thais Panighel, 22, teria facilmente adotado a cidade como sua "mais cedo ou mais tarde". A loira de 1,73 de altura cresceu no tradicional bairro da Vila Mariana e por lá pela primeira vez se encantou   pelo universo da maquiagem e dos penteados. Isso antes dos 13 anos de idade. A profissão foi herança das mulheres da família, a avó materna e a mãe sempre trabalharam na área. Quando adolescente, Thais levava tesouras, pentes e pinças pra escola. Conta que sua brincadeira favorita era arrumar as colegas de classe e que aprendeu a cuidar da beleza antes mesmo que qualquer outra coisa. "Apesar da minha mãe dizer que tenho um jeito moleca, me considero bastante vaidosa, e sou assim desde que me lembro".

Filha do meio, tem ainda dois irmãos e mora com os pais até hoje, mas garante: “por pouco tempo”. Na verdade, problema nenhum em viver com a família, mas é que a paulistana é sonhadora por vocação e correr o mundo faz parte dos seus planos. “Sou uma amante da vida. Do tipo que acorda todo dia sorrindo, agradecendo mais uma manhã. Queria é ter uma meia dúzia de vidas pra fazer tudo que tenho vontade”, diz empolgada.

Solteira há pouquíssimo tempo - nem um mês - ela está em um momento tranquilo, no qual o trabalho vem em primeiro lugar juntamente com se dedicar a si mesma. Ela explica: "É hora de ficar sozinha, pensar em mim, fazer planos e conseguir construir o pé de meia. Estou afim disso, de recursos pra botar tudo em prática". Namorar agora é assunto pra ficar na gaveta. Mesmo assim, entrega: “Detesto caras que contam vantagem. Homens me conquistam pelo humor. Essa é a dica”.

Marcelo D2: na lata, mas com dó

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Marcelo D2 mostra a foto de Chico Science que postara em seu perfil no Instagram, o telefone toca. Era a mulher, se despedindo rumo a uma viagem para a Flórida. Pede que a produtora compre água. A voz rouca dá sinais do show do dia anterior tal como apareceu em 2010, na gravação do álbum com a obra de Bezerra, no qual cantava. Aponta, no computador, a plantação de maconha de uma amiga que serviu de locação para um dos clipes gravados na Califórnia. Um canal de televisão ainda gravaria um mini-documentário e a equipe aguardava pacientemente a nossa entrevista terminar. Os fãs-clientes passavam na porta fechada da loja récem-inaugurada onde fazia sua agenda de imprensa, apontavam para D2, de costas pro vidro. Um manequim às avessas. À venda, mas nem tanto.

Pacientemente, cita o nome de um dos convidados seu novo álbum, Nada pode me parar. Explicativo, diz não só o nome (na verdade, um apelido, Batoré), mas também o grupo original do convidado, Cone Crew Diretoria. Sacio minha curiosidade. “Ah, cara, não, é muito jovem pra mim”, diz, rindo nervoso, aceitando a provocação que faço sobre com qual frequência ele ouve o grupo emergente do rap carioca e da temática cannabis. Coincidência ou renovação natural, o mesmo trilho que D2, junto com seu tutor Skunk, pegou no começo dos anos 90 com a invenção do Planet Hemp. “Mas ao vivo eu gosto, acho legal. Ganho boné, casaco, os moleques lá de casa adoram. Na verdade, eu escuto Cone Crew pra c... por causa deles”, retoma talvez arrendido da declaração anterior. Hoje, Marcelo está a cinco anos de distância de completar 50 anos. O visual street chic não permite essa informação em imagem explícita. Mas a tranquilidade de D2 ao falar uma ou outra coisa mais polêmica, sim. Não é mais o da “lata e sem dó” de “Queimando Tudo”. Suas letras cada vez mais são auto-referenciais.

Até chegar a 2013 e largar um pouco do samba, o rapper já havia largado a ex-banda, seus parceiros B Negão e Black Alien e até os quase-ídolos Racionais MCs. O bode bateu até mesmo com o gênero no qual ele e seu álbum mais recente se enquadram. "'É culpa do governo, é culpa do sistema’. A coisa é maior do que isso. ‘O rap tem que salvar o mundo’. Desculpa, mas não vai ser o rap que vai ajudar nisso, não”, diz sério, sentado no sofá da loja itinerante que carrega seu nome e rosto impresso em skates e brindes promocionais e que está estacionada na Galeria Ouro Fino, do lado oposto da Rua Augusta que abrigou as últimas revelações do rap paulista. “Mas eu acho ótima essa nova fase do rap daqui, sabe qual é, que não precisa mais seguir aquela bíblia, o procedê. De repente, nem é culpa dos Racionais. Mas tinha que ter o carimbo, pedir benção”, diz fazendo menção aos contrapontos Emicida e Criolo.

 

"Quando fui no Faustão, e até hoje neguinho fala ‘pô, cara, tu foi no Faustão, tá vendido’, é desse desconforto que eu gosto"

 

Em 2013, o álbum À Procura da Batida Perfeita e a carreira de D2 fazem aniversário: 10 e 20 anos respectivamente. O novo álbum tem quase nada daquilo que consagrou o disco de 2003. “Deve ser porque eu tô velho”, diz encontrando o culpado novamente. À época, o hit era “Qual É”, híbrido de rock, samba e rap. “Demorou um ano pra tocar direito nas rádios”, relembra citando o loteamento das rádios brasileiras. Mas tocou e gerou desconforto. Não nos ouvintes, mas nos Racionais MCs. “Resolvemos, nem me lembra disso”, reclama desgostoso e desleixado quando menciono as ameaças (físicas, inclusive) que teria sofrido do maior grupo do gênero no país, dono de “Voz Ativa”, e que é mencionada (“uma homenagem”, conserta) por D2 nas primeiras estrofes do hit. Antes disso, o riso era menos evasivo quando viu que eu fingia anotar com muita ênfase a sua reclamação de que a loja “serve mais pros amigos beberem do que pra ganhar dinheiro”. “Jornalista da Folha que é assim. Você fala um negócio e pronto. Uma vez disse ‘foda-se o Caetano’, tá ligado? Mas para mudar do assunto que o repórter tava insistindo em relembrar [D2 foi chamado de ‘zé mané’ por Paula Lavigne, então mulher de Caetano, nos bastidores do Video Music Brasil de 2000 após ter furado um compromisso de gravação com Caetano e o rapper disparou contra o cantor em seguidas entrevistas]. Daí, já viu, né?”.

Yuri de Castro

Marcelo D2

Marcelo D2

Marcelo costuma respeitar outros nomes da MPB. Fala de Chico Science, de como se assustou com o hardcore do mangue ao vê-lo pela primeira vez na TV, no “Programa Livre”, de Serginho Groismann, no SBT. “Quero uma carreira sólida como as de Jorge Ben, Tim Maia... Sabe quem eu admiro muito? A Marisa Monte. Não participa de movimento, de onda, de hit do verão, tá ligado?”. Voltando da Califórnia, onde gravou os clipes de cada música do novo álbum, ganhou SMS elogioso de Maria Rita. Se sente bem no mainstream. “Quando fui no Faustão, e até hoje neguinho fala ‘pô, cara, tu foi no Faustão, tá vendido’, é desse desconforto que eu gosto. Me sinto confortável desconfortando as pessoas. ‘Não, o rap não pode ir no Faustão’ [imita um hater de voz fina]. Gosto de ir na Globo. Faz parte do jogo”, afirma. 

Mesmo assim, D2 parece menos disposto pra jogar do que há 10 anos. Depois de À procura..., lançou mais três álbuns que não repetiram o barulho da primeira mistura de samba e rap. Abandonou um deles, Meu Samba É Assim (“o boi só engorda aos olhos do dono. Viajei na época do lançamento. Fiz uma grande cagada”), mudou de gravadora no outro e homenageou o ídolo e amigo Bezerra da Silva. Sugere estar fluindo naturalmente pelas águas do mercado. Apesar disso, não parece tão fora de cena. Nesse meio tempo, cravou o hit “Desabafo” com o produtor Navebeatz (que viria a produzir quase-sucessos de Emicida e Karol Conká), colou com o Cone Crew, lotou casas de shows com a volta do Planet Hemp, se aproximou da obra de Miles Davis e de figurões como Aloe Blacc e Like (do pouco conhecido Pac Div, trio de rap californiano). Além disso, quer fazer funk um dia. “Eu fiquei impressionado como o funk tá forte aqui em SP... E como tem funk ruim pra c... Não só aqui, no Rio também. Sei lá. De vez em quando me dá vontade de fazer um disco de funk. Acho que vou fazer um disco com o Catra”, especula meio-sério, meio-jocoso.

 

“Já vinhamos lotando todos os shows, não íamos aceitar tocar pra 200 pessoas no sol” [sobre o festival Lollapalooza]

 

Quando fala da banda, o ânimo muda. Cita ter voltado a falar com BNegão (“não é como antes”, ele explica. “Mas a gente conversa por mensagem”), é marrento ao lembrar da condição de headliner no festival Lollapalooza (“já vinhamos lotando todos os shows, não íamos aceitar tocar pra 200 pessoas no sol”) e dá outra versão sobre o porquê de Gustavo Black Alien não ter voltado aos palcos com o Planet. Black Alien disse não mais se alinhar com o discurso da banda. “O poeta é bobão, ele escreve por ideologia, não quer saber de grana. Eu sou esse cara aí”, disse em entrevista ao Globo. “Mas ele toca com o Cone Crew, né?”, rebate D2. “O Gustavo, cara, ele é maluco. Não leva muito a sério o que ele fala [risos]. O que eu sei é que ele quis mais grana do que nós poderíamos dar. Tava todo mundo ganhando igual e tiramos a proposta. Resolvemos chamar pra, sei lá, [tirar o] peso na consciência e porra... Ele não quis”, revela para abrandar a situação logo depois. “Mas tá tudo certo. É o que mais brigo e com quem eu mais falo. A gente sempre resolve na hora, sacoé?”.

A entrevista acaba, deixo pra trás meu caderno. “Isso aqui é seu? Depois eu que esqueço das coisas”, se diverte fazendo chacota com a distração careta do repórter. Quando o Planet Hemp acabou, a vontade era não voltar à estaca zero (“vou fazer o que? Virar camelô de novo?”). Em 2010, D2 tinha receio de falar de maconha depois de tanto tempo pregando a causa. Naquele tempo, hesitava ainda sobre uma possível volta do Planet Hemp. Hoje, D2 gasta a energia que sobra fugindo de qualquer polêmica na imprensa que precise de seu aval de maconheiro popstar. “Minha meta tem sido provar que não sou mais um rostinho bonito na música brasileira, que eu tenho talento também. Tô cansado de neguinho explorar minha beleza” [risos]

Vai lá: www.facebook.com/marcelodedois // Instagram @sinistro67

(*) Yuri de Castro é jornalista e é um dos editores do site Fita Bruta

Laços

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No final do ano passado, a Maurício de Sousa Produções entrou no mercado de graphic novels com o lançamento de Astronauta – Magnetar, primeiro título do selo Graphic MSP, que promete lançar cerca de três álbuns por ano, todos com releituras de personagens já consagrados de Maurício de Sousa. O debut trazia roteiro de ficção científica tendo o Astronauta como protagonista adaptado pelo quadrinista Danilo Beyruth, autor de Bando de Dois e Necronauta. Agora, a história é outra: sob os leves traços dos irmãos mineiros Vitor e Lu Cafaggi, Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão vivem uma aventura que os fazem redescobrir o valor da amizade. Na trama, o cachorro do Cebolinha, Floquinho, desaparece e o quarteto segue o rastro do bichinho para encontrá-lo a qualquer custo.

A Trip bateu um papo com os autores.

Trip: Como vocês tiveram a ideia do roteiro?
Vitor: Eu e a Lu queríamos uma história que mostrasse bastante como é a relação de amizade entre a Mônica, a Magali, o Cascão e o Cebolinha, a importância que eles têm para eles mesmos. Queríamos uma história sobre a amizade, mesmo. Usamos bastante recordações da nossa infância.

O título Laços, então, tem tudo a ver com a amizade dos quatro?
Lu: Totalmente. Quem fechou mesmo o título foi o Sidney [Gusman, editor da Maurício de Sousa Produções], mas eu e meu irmão queríamos um nome que representasse essa metáfora da amizade, que fosse uma palavra que pudesse ser encontrada várias vezes na história, mas escrita de modos diferentes.
Vitor: O título quase foi Nós, que representaria tanto os quatro juntos quanto os nós que o Cebolinha sempre deu nas orelhãs do coelho da Mônica, o Sansão, mas, no finalzinho, o Maurício falou: "Com a turma da Mônica, os laços são mais fortes do que os nós". Isso é verdade. Daí, ficou.

Em Laços, tem muito do jeito de vocês dois de contar histórias, tem muito dos seus trabalhos anteriores – Valente, Puny Parker e Los Pantozelos. Eles funcionaram mesmo como base para vocês criarem a história?
Lu: Isso aconteceu sem querer. Mas, sim, nós procuramos criar uma história que fosse a cara da turma da Mônica, mas que também fosse uma coisa nossa, que tivesse nosso jeito de ver a turma e o mundo também. São os nossos traços, nosso jeito... Sem contar o assunto principal, a amizade, que é uma coisa de que a gente sempre falou nos nossos quadrinhos.
Vitor: Queríamos uma história o mais intimista possível, que é a característica do nosso trabalho. Sempre falamos muito de amizade, amor, infância, inocência, sempre com olhos de criança.

E já caiu a ficha que vocês, agora, têm uma história com a Turma da Mônica?
Vitor: De vez em quando cai [risos], mas ainda é surreal. Crescemos lendo as revistinhas da turma da Mônica e agora ter uma história nossa... É incrível.

Vai lá: Laços
Autores: Vitor e Lu Cafaggi
80 páginas
Preço: R$ 29,90 (capa dura); R$ 19,90 (capa cartonada)
Editora: Panini Comics
www.paninicomics.com.br

Lançamento dia 20/06, às 19h, na Geek.etc.br (Alameda Santos , 2152 - Loja 122 - Conjunto Nacional), em São Paulo/SP

Garoto com uma câmera

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Para o francês Lartigue, a fotografia foi uma grande brincadeira. Isso porque, já aos oito anos, ele ganhou a primeira câmera dos pais, membros da alta burguesia, em uma época em que a maioria dos adultos sequer tinha acesso a esse equipamento. Nascido na virada para o século vinte, ele, considerado um dos grandes mestres da fotografia, foi um dos primeiros a explorar com a noção de movimento em imagens estáticas.

Neste mês, Lartigue ganha mostra inédita no Brasil. Organizada pelo Instituto Moreira Salles, a exposição Jacques Henri Lartigue – A vida em movimento chega ao Rio de Janeiro sob curadoria de Martine d'Astier. Ela é uma das principais estudiosas da obra de Lartigue, que registrou os aspectos mais divertidos da eufórica Belle Époque parisiense. Os banhos públicos, mergulhos no mar (e na banheira de casa), garotas dando piruetas no ar com vestidos esvoaçantes ou brincando com cachorrinhos na praia – o olhar divertido do fotógrafo traduz a euforia da época diante da modernidade.

Vai lá: Jacques Henri Lartigue – A vida em movimento – Instituto Moreira Salles, r. Marquês de São Vicente, 476, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, (21)3284-7400. Até 15/9, grátis // www.lartiguenoims.com.br

Mineirinho avança em Bali

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Divulgação

no Oakley Pro Bali 2013, etapa do ASP World Tour 2013

Mineirinho no Oakley Pro Bali 2013, etapa do ASP World Tour 2013

 
A jornada no Oakley Pro Bali 2013, etapa do ASP World Tour 2013, ainda é longa, mas começou muito bem para o brasileiro Adriano de Souza. Nesta segunda-feira, o Mineirinho venceu sua bateria e garantiu a classificação direto para a terceira rodada da competição, enquanto grandes nomes, como Kelly Slater e Taj Burrow terão que passar pela repescagem.
 
Atualmente na quinta colocação na classificação geral do mundial, o brasileiro tenta levar sua segunda etapa esse ano. Em abril, ele venceu a etapa de Bells Beach na Austrália e chegou ao topo do ranking mundial, atualmente está em segundo lugar. Se depender da relação de Adriano com Bali, o título será fácil. “Minha ligação com a Indonésia é uma das melhores, adoro esse país, adoro a cultura, o modo como as pessoas tratam os turistas. Isso me faz voltar sempre”, explica Mineirinho, em entrevista feita durante a etapa do Oakley Pro Bali 2013. Ele foi para Bali pela primeira vez com 15 anos e se apaixonou pelas ondas perfeitas do lugar. “Aqui é o paraíso”, define.
 
Em nova fase, após encerrar a relação profissional com o  técnico Pinga, com quem trabalhou durante muitos anos, “um cara que me ajudou muito no ínicio e nunca vou esquecer disso”, o surfista tenta evitar os comentários de que estaria vivendo o auge de sua carreira. "Tô vivendo o dia a dia, não tô preocupado com o futuro. Um bom dia a dia é o que vai garantir o futuro. Fazendo o trabalho bem, o futuro será brilhante”, diz o surfista que se espelha no ídolo e rival Kelly Slater.
 
“O Kelly é o grande espelho, quero seguir esse caminho. Mas é bom ter rivalidade, ele é um herói, mas é o cara a ser batido. Tem um certo rancor, ganhei dele umas seis vezes, então fica esse combate, essa rivalidade por olhares. Não somos super amigos, mas temos uma relação de respeito”.
 
O Oakley Pro Bali 2013, quinta etapa do ASP World Tour 2013 segue até o dia 29 de junho.

Ouça no player a entrevista que Paulo Lima, publisher da Trip, fez com Mineirinho em Bali

Rede bolso

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Rev Dan Catt via Flickr CC // www.flickr.com/revdancatt

 

A informação está nas ruas e quem pode registrar? Você! O celular é a ferramenta e uma série de aplicativos podem ajudar nessa missão. Óbvio que também pode ajudar a fazer gracinhas, filmar shows ou até entrar em contato com a família. A concorrência na área é tão grande que até o Instagram se mexeu e ontem também lançou uma opção para gravação e compartilhamento de vídeos.

Como a lista é longa, separamos os principais aplicativos. Só ver qual se encaixa no seu perfil. 

Instagram - (iOs e Android) - O app mais popular de foto se entregou ao vídeo para encarar a concorrência. São 15 segundos disponiveis com 13 filtros exclusivos www.instagram.com

Keek (iOs e Android) - O foco do Keek é a interação com amigos e com o mundo em um sistema que lembra muito o Twitter. Os vídeos postados podem ter 36 segundos de vídeo. Uma das opções mais curiosas é a possibilidade fazer avaliação do perfil dos amigos. O que seus amigos dizem de você vira sua reputação na rede do Keek www.keek.com

Qik (iOs, Android, BlackBerry) - Sem limite de tempo, grava, faz transmissões ao vivo e chats em vídeo. Embora também possa ter seu contéudo facilmente compartilhado emredes sociais, um dos focos do Qik é a conexão privada entre amigos e familaires. www.qik.com

Vyclone (iOs, Android e Windows Phone) - Dono de um visual mais “fofinho”, o Vclone permite compartilhar vídeo de até 1 minuto. Nele dá pra montar um filme único com várias perspectivas obtidas nas gravações www.vyclone.com

Socialcam (iOs e Android) - Possibilidade de fazer vídeos sem limite de tempo e fáceis de serem compartihados em outras rede sociais. Seguindo a onda do Instagram também oferece filtros: www.socialcam.com

Klip (iOs e Android) - Até 1 minuto de vídeo www.klip.com

Tout (iOs e Android) - Até 15 segundos de vídeo. Uma das vantagens do Tout são os canais oficiais de redes como a BBC, ESPN e The Wall Street Journal www.tout.com

Vine (iOs e agora também pra Android) - Empresa do Twitter, o Vine aposta em vídeos muito curtos, até 6 segundos. Exibidos em cícculo contínuo os vídeos lembram Gifs animados. Uma das suas vantagens é o número de famosos compartilhando vídeos por lá. www.vine.co

Mobli (iOs, Android e Windows Phone) - Bem semelhante ao Instagram, com ampla gama de filtros para os vídeos. Um dos recursos mais legais é poder seguir tópicos especifícos como cidades ou termos como #nightlife www.mobli.com

Twitpic (ioS e Android) - Um dos mais conhecidos apoios para utilizar junto com a conta no Twitter. Além de fotos também suporta vídeos www.twitpic.com

YouTube para celular (iOs, Android e Windows Phone) - Além de funcionar como uma versão prática do site, com o aplicativo você pode para gravar e subir direto no Youtube http://m.google.com.br/youtube

Beleza espontânea

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Eduardo Izquierdo é um venezuelano residente em Bloomington, Indiana. Neurocientista matemático e fotógrafo autodidata desde 2010, ele retrata a beleza feminina de uma forma singular e encantadora. Seu olhar captura a essência de cada uma das modelos, e surpreende por explorar detalhes muitas vezes sutis e imperceptíveis e expressões particulares.

"A forma como eu trabalho é uma extensão do meu trabalho acadêmico. Tento simplificar tudo e estudar algumas coisas em profundidade, neste caso: a beleza feminina crua", disse o fotógrafo para a Entitle Magazine.

A personalidade individual e crua de cada uma das personagens transparece de forma delicada e leve, e mostra que a beleza está na simplicidade e espontaneidade, e pode estar em um gesto de mãos, um olhar significativo ou em um movimento, e não depende de produções de maquiagem, cabelo e roupas.

Vai lá: http://eduardoizq.tumblr.com // www.facebook.com/framedbyeduardo

(*) IAKYMA é colaborador do blog de arte e cultura BLCKDMNDS


Stieg Larsson antes de Millennium

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Muito antes de se tornar um dos mais famosos escritores do mundo, vendendo mais de 60 milhões de livros com a trilogia Millennium, Stieg Larsson teve uma vida digna de um romance. A infância foi passada com os avós, no meio da floresta, na Suécia, onde aprendeu, desde cedo, a eliminar seus inimigos um a um, como as raposas que caçava com seu avô. Mais tarde, na juventude, desembarcou na África para treinar um grupo de guerrilheiras, mulheres que lutavam pela libertação da Eritreia – hoje, um dos países do continente. E, finalmente adulto, fundou uma das mais importantes revistas anti-facistas da Suécia antes de morrer, precocemente, de um ataque cardíaco.

Divida nesses três atos, a graphic novel Stieg Larsson antes de Millennium, de Guillaume Lebeau e Frédéric Rébéna, envolve com diálogos curtos, mas carregados de ideologias, e traços rápidos que dão vida a um roteiro dinâmico, mas breve, como a própria vida de Stieg.

Vai lá: Stieg Larsson antes de Millennium
Autores: Guillaume Lebeau e Frédéric Rébéna
64 páginas
Preço: R$ 19,90
Editora: Veneta
www.editoraveneta.com.br

Povo novo

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Depois de lançar EP com composições em resposta às críticas por ter feito a narração de um comercial da Coca-Cola, Tom Zé desta vez se inspirou nas manifestações que tomaram conta do país nas últimas semanas. Povo Novo é outra parceria do cantor e compositor com Marcelo Segreto – da Filârmonica de Pasárgada, que também participou do Tribunal de Feicebuqui. Além, também, da colaboração do jornalista Marcus Preto, de Paula Mirhan e da orientação buscada no site da socióloga Marília Moscou.

Nos versos, é possível perceber uma clara crítica aos grupos políticos que tentam se aproveitar do movimento [Olha, menino, que a direita/Já se azeita/Querendo entrar na receita, mas/De gororoba, nunca mais/Já me deu azia, me deu gastura/Essa políticaradura], além da análise sobre a postura dos manifestantes que, ao que parece, para Tom Zé, ainda apresentam uma postura crua.

 

Povo Novo

A minha dor está na rua
Ainda crua
Em ato um tanto beato, mas
Calar a boca, nunca mais!
O povo novo quer muito mais
Do que desfile pela paz
Mas
Quer muito mais.

Quero gritar na
Próxima esqui na
Olha a meni na
O que gritar Ah Oh
O que gritar Ah Oh

Olha, menino, que a direita
Já se azeita
Querendo entrar na receita, mas
De gororoba, nunca mais
Já me deu azia, me deu gastura
Essa políticaradura
Dura,
Que rapa-dura!

Quero gritar na...

Porcas Borboletas

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Em uma quarta-feira cinza em São Paulo, a internet nos permitiu mudar a trilha sonora e ouvir o novo CD do Porcas Borboletas. Há 14 anos na estrada, e vindos de Uberlândia, em Minas, a banda lançou o terceiro disco na íntegra em seu site ao meio dia de hoje. À noite, apresenta em São Paulo um show com algumas participações especiais.

Homônimo, o disco foi gravado de forma independente no estúdio El Rocha e com produção própria. Participaram Fernando TRZ, Jack Will e Nath Calan. São doze faixas inéditas e autorais, incluindo o poema musicado Only Life, de Leminski, e também uma versão rock para a canção Wellington da banda de punk-rock Dead Smurfs.

Helio Flanders, vocalista do Vanguart, se autodefine fã confesso dos mineiros e assina o texto de divulgação do álbum. Entregando que tomado pela ansiedade de ouvir as novas músicas, mentiu para Fernando Sanches, que o entregou um CD com as canções, confessa: "Quando as músicas começaram a pular daquela playlist, tive certeza de que estava ouvindo o melhor álbum do Porcas Borboletas até hoje. Mais certeiros e espertos, mais maduros e fortes do que nunca, e com a personalidade de sempre".

 

"A grande sacada que faz o Porcas tão ímpar é que quando o clima começa a pesar, musical ou poeticamente, eles vem com algo mais certeiro ainda", Helio Flanders

 

Um carinho com os dentes, 2005, e A passeio, 2009, permitiram que o grupo se tornasse reconhecido como um dos principais nomes da música independente brasileira. Alguns dos sucessos: Menos, parceria com Clara Averbuck, Super-herói-playboy, com participações de Leandra Leal, Arrigo Barnabé e Junio Barreto, e Nome Próprio, tema do filme de mesmo nome do cineasta Murilo Salles.



Vai lá: Lançamento Porcas Borboletas
Quando: 26/06 – quarta-feira às 21h
Onde: Sesc Santana
Av. Luiz Dumont Villares, 579 – Jd. São Paulo.
Quanto: De R$4 a R$ 16
Classificação indicativa de 12 anos

Para baixar: www.porcasborboletas.com.br

Lomos FC

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As Lomos são câmeras fotográficas analógicas que surgiram em 1982 e começaram a ser produzidas na antiga União Soviética, pela estatal LOMO - fábrica russa de armas e materiais óticos. Essas máquinas se popularizaram a partir dos anos 90, depois que dois estudantes vienenses encontraram uma Lomo Kompakt Automat em uma loja peculiar de Praga e começaram a tirar fotos cotidianas. Ao verem o resultado das fotos, ficaram fascinados com as cores, a saturação e as vinhetas, e logo espalharam a moda entre os jovens da capital austríaca. Em 1992, acabaram fundando a Sociedade Internacional de Lomografia em Viena, promovendo o movimento fotográfico que criaram. Juntamente com a comunidade, surgiu a Lomography, marca dedicada exclusivamente às lomos. 

Hoje, elas ajudaram a resgatar a onda analógica que voltou forte na fotografia. Apesar das digitais terem tomado o mercado, ainda há espaço para quem quer fotografar à moda antiga. O fotógrafo paulistano Jorge Sato é especialista no assunto e nos deu dicas básicas para quem quer começar a fotografar com esse tipo de máquina. Em julho, ele ministra um workshop em São Paulo, na Escola São Paulo, junto com André Corrêa, criador do site Queimando Filme.

Trip. Pra quem vai começar a fotografar com as lomos, quais sãos as dicas básicas?
Jorge. Acredito que um bom norte para as pessoas entenderem a ideologia das câmeras lomográficas é não se preocupar com técnicas avançadas. É interessante experimentar bastante e explorar resultados criativos e inusitados e, principalmente, divertir-se. Então, primeira dica: não ter medo de errar. No começo, é natural as fotos não saírem tão bacanas quanto a pessoa imagina, porque mesmo sendo câmeras simples, é preciso se acostumar com suas características. Mas essa é a parte mais divertida do processo: a cada novo filme, você vai aprendendo e sentindo a evolução em suas fotos, mas sempre com uma certa sensação de imprevisibilidade. Essa curiosidade e expectativa é algo único.

Quais são as melhores marcas de Lomo que temos aqui no Brasil? Com certeza a marca mais completa é a Lomography, tanto pela quantidade, quanto pela diversidade de modelos. Dá pra comprar pelo site deles, ou nas lojas físicas, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Há também uma loja virtual muito bacana chamada ToyCamera. Lá você encontra câmeras, filmes e acessórios que não são vendidos na Lomography, inclusive filmes para as antigas Polaroid.

Quais os 5 modelos de Lomo que você recomendaria pra iniciantes? Se a pessoa não se importar em gastar um pouco mais, eu iria de LCA+ ou LC-Wide, com toda certeza;, por terem a lente de vidro (ao invés de plástico) e conseguirem fotografar à noite ou em lugares fechados com menos luz. Agora se o fator preço é o principal, eu iria de Holga 35mm, Fisheye 2.0 ou La Sardina.

No começo, eu sempre indico as pessoas escolherem o filme 35mm (invés do filme médio formato 120) porque é mais fácil de ser encontrado, revelado e tem mais poses para fotografar. A diferença do 120 para 35mm, é que o primeiro tem menos poses (12 por filme) e o negativo é bem maior do que o 35mm, captando muito mais detalhes em suas fotos. Hoje em dia, o melhor custo-benefício é usar filme negativo 35mm. Quando a pessoa se acostumar com o processo analógico, então expandir para o médio-formato é uma opção incrível.

Há também a possibilidade de usar filmes cromo e pedir para serem revelados em químico de filmes negativos. Este processo se chama XPRO (processo cruzado) e resulta em cores super saturadas e altamente contrastadas.

As Lomos exigem algum tipo de cuidado especial ou manutenção? Quanto a isso não é preciso se preocupar. Por serem bem simples e de plástico, não há a necessidade de levar para o técnico ou deixar guardado junto ao anti-mofo. Mas é claro que não são câmeras indestrutíveis, então evite derrubá-las o tempo todo e manuseá-las de forma muito ogra.

Qual é o investimento inicial pra quem quer começar um kit lomo? O valor varia bastante da câmera mais simples à mais complexa, começando perto de R$ 100 e podendo chegar a quase R$ 1.100,00.

Os filmes também variam bastante, dependendo se é filme negativo, filme cromo, 35mm, médio-formato 120 e também pelo ISO (normalmente quanto maior o ISO, mais caro é o filme). É possível achar filmes por R$ 10, chegando a R$50 por rolo. Sobre o flash, é bem bacana possuir um, sim!

Você pode colocar filtros coloridos nele e fotografar em múltipla exposição, resultando em uma estética bem "lomográfica". Mas é preciso ficar atento porque não são todas câmeras lomográficas que permitem o uso de flash externo, e há algumas câmeras que já vem com um flash já embutido.

Vai lá: LC A+ / LC-Wide / Holga 35mm / Fisheye 2.0 / La Sardina

Se você ficou com vontade de comprar uma lomo, a Lomography têm lojas em São Paulo – Rua Augusta, 2481; e no Rio de Janeiro - Rua Barata Ribeiro 369 b. Já o site é o: www.lomography.com.br. A Toy Camera tem sua loja virtual no endereço www.toycamera.com.br

Workshop de lomo em SP: www.escolasaopaulo.org/atividades/workshop-lomo-inverno-2013/workshop-de-lomo

*Gui Takahashi, paranaense, é produtor de moda e publicidade em São Paulo. Na Trip, escreve sobre Moda e Consumo quinzenalmente 

Carlos, Erasmo

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Um dos álbuns mais conceituados de Erasmo Carlos, o Carlos, Erasmo, de 1971, é relançado em vinil para homenagear o ícone da Jovem Guarda. São 13 faixas ao todo, com produção de Manuel Barenbein e do próprio Erasmo - com exceção de “Ciça, Cecília”, produzida por Nelson Motta, com arranjo de Arthur Verocai.

As canções foram escritas em parceria com Roberto Carlos, e outras são composições de Caetano Veloso, Taiguara e os irmãos Paulo Sergio Valle e Marcos Valle. Algumas participações instrumentais como Dinho Leme e Liminha também estão no disco.

“Esse disco consolidou minha maturidade e me projetou para um mundo real onde o sonho acordado ainda existia.”, diz Erasmo.

À venda pela internet e nas melhores lojas de discos.

Vai lá: www.polysom.com.br

Foi dada a largada para o Trip Transformadores 2013

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Evento revelou os homenageados deste ano e debateu o tema: "Sem educação não há solução"

O prêmio Trip Transformadores 2013 começou. Nesta quinta-feira, 28, a largada foi dada na sede Private Brokers da Coelho da Fonseca com a divulgação dos nomes dos dez homenageados deste ano [veja a lista abaixo]. Além da divulgação, a noite contou com um evento voltado para a Educação. Com o tema, o público assistiu diversos convidados especiais que trouxeram para o palco suas experiências com o tema.  

A noite começou com uma entrevista de Rodrigo Vergara, editor de conteúdo do Trip Transformadores, com a educadora Maria Vilani, mãe do rapper Criolo e dona de uma bela história com a educação. Ela cursou o Ensino Médio junto com o filho e se tornou escritora, filósofa e professora.

"Meu aprendizado mais importante da vida foi a possibilidade atualizar minhas potências. De descobrir em mim coisas que eu não sabia q tinha. Eu era capaz mas não sabia, tinha medo, insegurança. Estudando eu me senti incluída na sociedade. Não era mais só uma dona de casa", disse a educadora, emocionando a plateia.

O neurocientista e professor Sidarta Ribeiro participou de uma sabatina de um grupo de blogueiros formado por Rosana Hermann (jornalista, física, gerente de inovação do portal R7 e blogueira do Querido Leitor), Vanessa Cabral (jornalista que mantém o blog Escola pública não é de graça), Caio Dib (jornalista do blog Caindo no Brasil, que está viajando o país para conhecer diferentes realidades do sistema de educação) e Carla Mayumi (pesquisadora, co-fundadora da agência Box 1824, integrante do blog Educ.Ação, sobre novos modelos de educação).

Sobre os novos meios de comunicação e educação, o cientista falou: "A internet é a ferramenta que faltava pra transformar o planeta num lugar legal. Mas não é automático. A internet democratiza mas é preciso de uma base boa, e a base é ruim. Assim ela só propaga preconceito e aversão ao conhecimento".

"A escola tem que ensinar o aluno a caminhar com as proprias pernas. A tarefa do professor é ajudar o aluno a aprender na escola e em todos os lugares", Bráz Rodrigues

A mobilidade urbana foi outro dos assuntos trazidos à tona por Sidarta. "É um assunto urgente! Quanto menos tempo alguém passa no trânsito, mais tempo ela passa em casa, com os filhos. E pesquisas mostram que quanto mais tempo se passa em casa com os filhos, melhor é o nível de aprendizado e educação da sociedade."

Na sequência, aconteceu o bate papo entre Julio César da Costa Alexandre, criador de 27 escolas de primeiro mundo no Nordeste, Bráz Rodrigues, do Escola Sem Fronteiras, e Tião Rocha, pioneiro em usar a cultura local como matéria prima do ensino.

"A escola tem que ensinar o aluno a caminhar com as proprias pernas. A tarefa do professor é ajudar o aluno a aprender na escola e em todos os lugares", disse Bráz. Tião complementou: "Educação nao existe no singular, só no plural. É preciso de troca entre iguais. Precisamos de gente que construa espaço de trocas de sonhos, desejos e possibilidades." 

Para encerrar a noite, a convidada especial Marina Silva trouxe para a discussão sua rica experiência como historiadora, ambientalista, ex-senadora e ex-ministra da República.
 
Marina acha que a internet está ajudando a formar um novo jeito de ser cidadão: "Sou uma mulher de fé, mas invejo a fé das pessoas que acreditam que a política ia ficar de fora das mudanças que a internet trouxe. A internet ajudou a quebrar os antigos mediadores da informação e isto está possibilitando o surgimento de um novo sujeito político". 
 
"Pensar em educação é fazer uma relação entre o que temos e os desafios que teremos. Prover uma educação de qualidade que gere igualdade pra todos: este é o caminho.", finalizou Marina.
 
Os homenageados do Trip Transformadores 2013 são:

Claudia Andujar - A fotógrafa que revelou um povo 
Daniela Mercury - A cantora experiente que se tornou revelação
Edgard Gouveia Jr. - O arquiteto que ergueu pontes entre as pessoas
Geraldo Gomes Barbosa - O agricultor que semeia tradições
Isadora Faber - A estudante que deu uma lição à escola
Marcelo Freixo - O professor que botou a polícia em recuperação
Marcos Flavio Azzi - O financista que investiu em capital social
Marilena Lazzarini - A agrônoma que cultivou os direitos do consumidor
Paula Dib - A designer que projeta futuros
Sandro Testinha - O skatista que ensina as manobras da vida
 
 
Saiba mais sobre eles no site: trip.com.br/transformadores
 
O patrocínio do Trip Transformadores é do Grupo O Boticário e Itaú, além de apoio da Coelho da Fonseca e H2OH! 

Vitor Rolim

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Ele não tem nem três anos de carreira como artista plástico e já assinou as paredes do escritório do Google em São Paulo, criou um Doodle comemorativo para a cidade, decorou as vitrines da loja de Marc Jacobs e teve outros clientes de peso como HSBC, Vivo e Etna. Desde que abandonou a publicidade para viver de sua arte, Vitor Rolim viu tudo acontecer muito depressa. "Foi meio na brincadeira: eu queria tirar umas férias do trabalho e tinha um dinheiro guardado, então decidi pintar quadros e vender para ver no que ia dar. Quando me dei conta, estava assinando meu trabalho para o Google", conta, sossegado, como quem sempre soube que sua aventura daria certo.

O gosto e o talento para a arte vêm de berço. Vitor cresceu em meio aos desenhos do pai, engenheiro mecânico que fez carreira como projetista industrial e sempre influenciou e incentivou o filho. "Lembro das pranchetas enormes que tinha na casa do meu pai e de copiar os desenhos dos cadernos dele." Mais tarde, na adolescência, ele passou a se envolver com arte e, com o tempo, arriscar pintar seus próprios quadros foi um caminho natural. "Fui tomando gosto pela coisa. Depois que vendi meu primeiro quadro, aos 24 anos, não teve mais volta."

São Paulo e o caos

Os quadros e murais que Vitor pintam são um verdadeiro caos, se observados de longe – como uma página de um dos livros de Onde está Wally?. Mas é só olhar de perto para ver a riqueza de detalhes, de informação e de referências artísticas e mesmo não-artísticas que ele leva para sua obra. "Eu fico imaginando como Albert Einstein pintaria, por exemplo, ou Jimi Hendrix, Steve Jobs, Thomas Edison... Todos esses caras viveram para organizar o caos e é isso que eu faço." E é assim mesmo que Vitor se classifica: um organizador do caos, um cara que consegue, através de sua arte, colocar ordem na avalanche de informações visuais e sonoras que lava diariamente uma metrópole como São Paulo. "Minha arte tem uma iconografia que já faz parte do inconsciente coletivo dos paulistanos entre 20 e 30 e pouco anos, que são os meus clientes, pessoas que vivem as mesmas coisas que eu na cidade e que, como eu, cresceram assistindo a Cartoon Network, Chaves, Curtindo a vida adoidado... Então, eu dialogo com eles e isso gera empatia." Nascido no litoral paulista, em Santos, Vitor se mudou para a capital ainda criança e sempre achou os paulistanos um verdadeiro fascínio. "Sou péssimo poeta, mas o primeiro rascunho que fiz das paredes do Google foi um poema em que deixei claro que faria um mural sobre as pessoas que moram em São Paulo, que são o que a cidade tem de melhor."

O mural do Google, por ser um projeto de maior porte, foi exceção: Vitor não trabalha com roteiros. A ideia inicial do que será desenhado fica só na cabeça e, a partir dela, o artista vai criando, puxando um detalhe aqui e outro ali, tudo no improviso. Para ele, a liberdade de criação vem em primeiro lugar. "Eu pinto o que eu quiser, deixo isso sempre muito claro para meus clientes." E tudo sempre em preto e branco. "Minha vida sempre foi muito preto no branco, muito prática, sem enrolação. Minha arte é assim também."

Uma obra só

Apesar de ser um retrato do caos paulistano e da sociedade moderna, a obra de Vitor não é combativa, engajada, como ele próprio define, mas apresenta um todo que faz refletir sobre a realidade iconográfica que vivemos e, acima de tudo, diverte. "Se você juntar todas as minhas obras, vai ver que elas são mais ou menos a mesma coisa, são conectadas entre si, formam um grande mural para inspirar as pessoas. Elas não precisam de artes que digam que o Brasil é um lixo, por exemplo, mas que as façam rir depois de um dia cansativo de trabalho. Essa é a função da minha arte."

Aos 30 anos, além de artista plástico, Vitor Rolim atua como design thinker na empresa gou/Factory e acabou de abrir um escritório para licenciar sua obra para empresas. De saída, escolheu uma marca de produtos escolares que, em setembro, deve colocar à venda mochilas, estojos e cadernos com seus desenhos. "Gosto dessa pluralidade. Um quadro é só um quadro. Eu imagino pro meu futuro uma coisa mais Mauricio de Sousa, mais Walt Disney, ou seja, quero que minha arte chegue para as pessoas de muitas maneiras", ambiciona. E não para por aí: "Ainda quero ter meu próprio desenho animado, fazer uma exposição na Ásia e pintar um quadro no espaço. Por que não?".


Cenas de Nova York

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Bruce Davidson é um conceituado fotógrafo norte-americano, membro da agência Magnum Photos, que tem seu trabalho exposto em diversos lugares do mundo, lançou livros e possui um riquíssimo acervo que retrata, entre outras coisas, o lifestyle americano.

Famoso pelas suas fotografias documentais, Davidson se dedicou a captar a essência dos subúrbios, principalmente em sua mais emblemática série, que retrata cenas do metrô de Nova York na década de 80, um importante registro dos embates de uma geração e da própria divisão social e de classes.

Vai lá: www.edelmangallery.com/davidson-main.htm

(*) Felipe Pedroso é colaborador do blog de arte e cultura BLCKDMNDS

Arte nos bueiros

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Tokyo, 1950. Todo o povo japonês com estima e identidade ainda abaladas depois da Segunda Guerra Mundial. Foi quando o embelezamento das tampas dos bueiros começou, pois os japoneses olhavam muito para o chão. Lá pelas décadas de 70 e 80, com o alto crescimento da economia japonesa, a prática espalhou-se pelo país e cada região criou as suas próprias estampas moldadas em ferro fundido.

O fotógrafo brasileiro KS Nei (Nei Schimada), morou 22 anos no Japão e, durante seus passeios de bicicleta pelo país, clicou todas as tampas de bueiro. Assim surgiu a série de fotos que compõem o projeto Instalação subterrânea num varal, onde são exibidas penduradas em um varal com pregadores.

São 13 imagens que mostram a proposta de democratização do espaço público que começou a ocorrer no Japão após a Guerra. Já passaram por exposições em São Paulo e Rio de Janeiro. Além do varal, também fazem parte do projeto duas camiseta-poemas, uma da escritora Patricia Cardozo, que versa sobre as flores desenhadas em uma das tampas, e outra com um poema do próprio Ks Nei, sobre a arte mútua da iniciativa.

Morgan Maassen

Mundo em miniatura

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 Quer melhor presente de aniversário do que brinquedos? É com eles que o Sesc Pompeia comemora seus 30 anos, na exposição Mais de Mil Brinquedos para a Criança Brasileira. O evento homenageia a mostra homônima (e a primeira da unidade) organizada em 1982 pela arquiteta Lina Bo Bardi, que assina o projeto do Pompeia. Serão exibidas mais de seis mil peças artesanais e industriais de diferentes regiões do mundo, representando a infância desde a década de 1930.

Conversamos com Gandhy Piorski, um dos curadores da mostra. Artista e pesquisador do lúdico na cultura popular brasileira, ele comenta as escolhas para a exibição que tomou ao lado da colega Renata Meireles e destaca a necessidade de valorizar os brinquedos feitos à mão – seja por artesões seja pelas próprias crianças. E defende a importância de ouvir o que a criatividade da infância diz ao mundo: “A cultura sempre diz o que a criança tem que fazer. Os educadores sempre têm respostas e teorias afirmadas sobre o que é melhor para acriança. Mas o exercício de expressão da criança, isso raramente foi passado através dos tempos”.

Trip. A exposição é uma homenagem à mostra que Lina Bo Bardi realizou no SESC em 1982. Como vocês estão dialogando com o passado?
Uma parte do acervo da época deixou de existir, porque o SESC doou uma grande quantidade de brinquedos que recebeu de indústrias. Outra parte se perdeu, mas ficaram outros que eram mais artesanais. A visita ao que restou foi o ponto de partida para começar nossa leitura. Observamos com atenção muito especial a qualidade do brinquedo da época em que foram coletados. Havia peças muito bonitas e trabalhadas, com características bem vivas do que era o artesanato de brinquedos nos anos 80 no Brasil. isso foi muito peculiar, foi o que saltou aos olhos da gente. Nessa época, o artesanato de brinquedos era uma coisa muito intensa nas feiras do interior de São Paulo e no nordeste. Muitos artesãos estavam no vigor criativo. Tem outro ponto que chamou atenção. A Lina quando expôs os brinquedos trouxe o artesanato para um patamar igual ao dos brinquedos da indústria, que, diga-se de passagem, tinha designers produzindo e criando. A Estrela funcionava a pleno vapor e tantas outras, com pessoas desenhando, o que não existe mais com tanta frequência hoje em dia.

Isso porque as ideias de brinquedos são cada vez mais importadas?
Isso. E os designers hoje normalmente pegam personagens do cinema e redesenham pra produção de bonecos e brinquedos em geral. Não tem mais aquela coisa de pensar um produto inteligente, que tenha aspectos mais apropriados à construção e criatividade da criança.
Imagino que perdemos muito com essa mudança.
Sem dúvidas. Hoje ainda há brinquedos bons, como o Lego ou linhas mais específicas, que não existem no grande mercado. Mas são caros.

Falando em preço, como está o mercado artesanal atualmente?
Está restrito a pequenas áreas do brasil. Em São Paulo, mesmo, existe uma loja, a Fábrica de Brinquedos. Eles têm um trabalho de ligar artesãos que produzem boas peças, estimulam a criação para que possam vender. Ou também compram na Europa, vão buscar um mercado mais inteligente. No Nordeste ainda existem artesãos, no interior de São Paulo também, mas isso está pulverizado. E há pouco espaço em um mercado como este, em que a indústria massiva de brinquedos está ligada a figuras da mídia. Além disso, é muito difícil um brinquedo de artesão passar nas categorias de segurança do Inmetro. O Inmetro é um órgão que metrifica a experiência do brincar e não entende nada de criança.

Fica preso naquela coisa de que pode soltar pecinhas...
Exato. Tem normas de segurança compreensíveis para a sociedade em que a gente vive, na relação de comercio das indústrias. Mas penaliza uma linha artesanal de produção que tem historia no Brasil.

No processo de revisitar a mostra da Lina e analisar o que está sendo produzido atualmente, é possível identificar mudanças no modo de brincar das crianças brasileiras?
Há algumas mudanças. A ótica que nos quisemos inserir na exposição tentou ir além do que a Lina fez, de trazer o artesão pro mesmo patamar do designer. Trouxemos outro elemento para a mostra que foi a produção das próprias crianças, que são quem na verdade inspira o artesão e o designer. Isso é muito claro na historia do brinquedo, muitas invenções artesanais que chegaram ao patamar de industriais vieram da inspiração que o artesão soube ver na criança. Consideramos esse um elemento chave, elas são muito criativas dentro desse universo do brincar, da inspiração. Voltando à pergunta, estou querendo dizer com isso é que esse discurso de que as crianças não brincam mais é mentira. É um discurso institucionalizado. Na verdade, as crianças continuam brincando e construindo muitos brinquedos. Talvez nos grandes centros urbanos, numa classe social específica, isso esteja mais prejudicado. Mas nas periferias, no interior do Brasil, as crianças continuam criando brinquedos. Existe aí, sim, um brincar da criança que a gente quer discutir. Por isso desconstruímos o brinquedo nessa mostra, muitos estão abertos. A gente mostra o avesso do brinquedo, como é por dentro. E a relação de construção, o interesse que a criança tem em animar o brinquedo, desmontar, conhecer os mecanismos pra brincar.

Qual a diferença entre o brinquedo que a criança constrói e o que ela consume pronto?
Acho que a principal característica é que a criança, quando constrói para brincar, estabelece uma relação diferente com todo o resto diferente de quando ela consome para brincar. Construir para brincar tem um nível de valoração sobre a relação com o mundo e de apropriação do mundo muito mais significativa do que consumir pra brincar. Claro que existem brinquedos que têm níveis de exploração e apropriação bem significativos, que mostram que é possível criar sempre para brincar e não necessariamente ter que consumir o brinquedo pronto – mas consumir objetos que dão o poder de criação.

O que a criança tem em mente quando cria um brinquedo?
Uma das diferenças é que no que a criança produz a partir do universo dela existe muito mais expressão e ampliação da capacidade imaginativa. Um brinquedo comprado pronto miniaturaliza a realidade, emoldura a experiência de criação. É claro que uma Ferrari de brinquedo que imita a realidade é muito sedutora. E a criança quando brinca com ela tem experiências, claro. Mas quando constrói o próprio carrinho, com todas as limitações da técnica, da lata, do prego, do martelo, quando recorta a lata com tesoura, é claro que a vinculação é muito mais profunda porque existiu ali todo um esforço criativo de trabalho manual e de exercício próprio do que em relação ao carrinho pronto. É bem significativo. As pessoas às vezes dizem que as crianças são preguiçosas, que só querem ficar em frente à televisão o dia todo, não têm mais pique pra construir. Mas coloca uma criança num celeiro cheio de ferramentas e objetos para ela construir brinquedos para ver qual é a relação corporal e criativa que ela tem com aquilo.

É triste que essa experiência seja podada. E raramente percebo ambientes fora da escolinha estimulam essa relação de criatividade com o brinquedo.
É verdade. Muitas escolas hoje estão discutindo isso e tem um ponto que é muito importante. Existe, claro, toda uma expectativa que os pais depositam na escola, nos centros culturais, parques. Mas em casa, a partir do esforço dos pais, é possível criar esses ambientes criativos e construtivos. Na verdade, existe hoje um delegar da educação. A grande maioria das famílias, pelo pouco tempo e disponibilidade que exige a educação dos filhos, está delegando essa responsabilidade a terceiros, porém é possível, sim, trazer a relação de criação e a experiência construtiva na própria casa. Mas isso é cada vez mais cerceado, nas famílias e nas grandes cidades e impõe uma necessidade de esforço e mudança de cultura.

"Normalmente a gente percebe o que a cultura diz para a criança e sobre a criança. Esse é um ponto que a gente abre na mostra: o que a criança está dizendo pra cultura?"

É possível traçar uma sociologia do brinquedo? Quer dizer, o que nossos brinquedos dizem sobre nós, brasileiros?
Sim, é possível se traçar uma geografia. Uma sociologia. Uma antropologia. Uma botânica do brincar. Em cada nicho geográfico, cada experiência que se estabelece com a natureza, é possível se perceber o dizer da criança, um traço da fala própria, do que ela tem a dizer sobre ela própria e sua relação com o mundo. Normalmente a gente percebe o que a cultura diz para a criança e sobre a criança. Esse é um ponto que a gente abre na mostra: o que a criança está dizendo pra cultura? Dividimos a exposição em ambientes que tratam de temas específicos. Logo na entrada tem o “mínimo e as mãos”, que é a relação com miniaturas, das pequenas coisas. Aí a gerente aborda que, pela plástica dos objetos, existe um interesse em criar intimidade com o mundo, em se enraizar na vida social. Não só para imitar, as para poder trazer seus próprios conteúdos para a cultura. Colocamos casinhas, fazendinhas de todo tipo, inclusive de ossos de boi, em que as crianças entram na anatomia da natureza. Elas vão nas ossadas e tiram vértebras dos bois para fazer fazendinhas, aí existe toda uma investigação da criança sobre a anatomia da natureza, sobre o dentro do mundo. Há um interesse na substância do mundo. Tudo isso é exercício da imaginação, empurrando a criança para investiga e fazendo com que ela diga o interesse dela pelas coisas. Quando a criança pega o brinquedo e quebra, não existe aí uma hiperatividade da criança, e sim a vontade de conhecer o que está dentro. Isso já denota uma metafísica na criança.

O que é um conceito avançadíssimo, que a maioria dos adultos perde ao longo da vida.
Exatamente. Existe aí todo um estudo que a gente pode fazer do abandono da infância, que vem de muitos séculos. A cultura sempre diz o que a criança tem que fazer. Os educadores sempre têm respostas e teorias afirmadas sobre o que é melhor para acriança. Mas o exercício de expressão da criança, isso raramente foi passado através dos tempos. Existe um percurso de abandono da criança, por achar que ela é uma pagina em branco e nos é que dizemos o que ela tem que ver.


Uma concepção totalmente racionalista, infelizmente. Para fechar: é possível descobrir o que a criança brasileira de hoje quer comunicar ao mundo através dos seus brinquedos? Existem uma ou duas frases capazes de resumir essa ideia?
Não sei quais seriam essas frases, mas acredito que as crianças têm comunicado para o mundo que existe uma individualidade de cada uma dela. É preciso estudá-las como seres individuais, e não massificar um sistema de ensino. Cada criança tem sua experiência própria, sua sensibilidade e seu nível de relação e aprofundamento com o universo em que vive. Acho que esse é o dizer mais significativo: “Nós temos individualidade. Nós temos conteúdo. Nós queremos dizer o que parte de nós e não só o que a cultura e a educação querem nos imprimir”.

 Vai lá: Mais de mil brinquedos para a criança brasileira – Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, Pompeia, São Paulo, SP, (11) 3871-7700. De 9/7 a 2/2/2014, grátis

Não estamos mortos

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A fotógrafa e jornalista inglesa Lalage Snow, que hoje vive no Afeganistão, documenta os acontecimentos locais para vários jornais internacionais. Uma de suas séries fotográficas, entitulada We Are The Not Dead traz retrato de soldados britânicos em três momentos diferentes: o antes, durante e depois de serem mandados para uma operação de guerra de oito meses no Afeganistão.

Nass foto de cada soldado dá pra ver a diferença de mudança de fisionomia, principalmente no olhar. O olhar de inocência no começo, o medo e a saudade durante e a tristeza após a volta.

Vai lá: www.lalagesnow.com

(*) Postado originalmente no blog de arte e cultura BLCKDMNDS

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